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    Witzel se negou a intervir em Fundação Leão XIII, investigada por corrupção

    Governador afastado foi alertado da necessidade de intervir para estancar os problemas do órgão

    Leandro Resendeda CNN

    No centro das investigações que levaram à prisão o secretário de Educação do Rio Pedro Fernandes e a ex-deputada federal Cristiane Brasil por suspeita de corrupção, a Fundação Leão XIII poderia ter tido outro destino, não fosse uma decisão do governador Wilson Witzel ainda durante a transição entre a gestão anterior e o começo de seu governo. 

    A CNN teve acesso à minuta de um decreto que previa uma intervenção do estado no órgão, cuja finalidade é “prestar assistência às pessoas de baixa renda” do Rio. O documento foi preparado pela Procuradoria Geral do Estado e foi mostrado a Witzel durante uma das reuniões da transição de governo, ainda no final de 2018.

    Witzel foi alertado da necessidade de intervir para estancar os problemas do órgão. Mas não só se recusou a decretar a intervenção como passou o comando da Fundação Leão XIII para a vice-governadoria – o atual governador interino Cláudio Castro, que é suspeito de crimes na autarquia, como a CNN mostrou ontem.

    O texto recusado por Witzel considerava a “grave crise política e institucional”do Rio e o “comprometimento da capacidade de atendimento à população carente” para decretar uma intervenção por seis meses na Fundação, com a suspensão de todos os contratos celebrados pelo órgão. 

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    O decreto tinha até data: 02 de janeiro de 2019, o primeiro dia útil do governo Witzel, e também previa a intervenção na Fundação para Infância e Adolescência (FIA). O então governador aceitou intervir na FIA, mas preferiu não mexer na Leão XIII. 

    Em decreto do dia 08 de janeiro de 2019, Witzel colocou a agora investigada fundação sobre a responsabilidade de  Cláudio Castro, apesar dos dos apelos da secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos da época, Fabiana Bentes, para que fosse feita uma intervenção. Ela acabou deixando o cargo oito meses depois. 

    À polícia, ex-integrantes da área social do governo Witzel relataram que foi o próprio Cláudio Castro o responsável por comunicar que, a partir de janeiro de 2019, a Fundação Leão XIII seria responsabilidade da Vice-Governadoria.

    Segundo o Ministério Público, há “suspeitas”de que o atual governador em exercício do Rio tenha cometido crimes na fundação a partir de 2019. Na sexta-feira, a CNN revelou que Castro foi citado em delação premiada de um dos operadores do esquema, cujos  desvios de recursos dos cofres públicos chegam a R$ 30 milhões. 

    No começo de seu governo, Witzel transferiu para o comando de Castro órgãos como o Detran e o Departamento de Estradas e Rodagem, além da Fundação Leão XIII. Nas últimas semanas, o atual governador tem desfeito as alterações na estrutura do governo – uma vez que não há mais cargo de vice-governador. 

    Procurado, Wilson Witzel afirmou desconhecer o fato citado. Castro não respondeu até a publicação desta reportagem.

     

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