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    Waack: Investigação pega generais e encurrala Bolsonaro

    Quanto à política, arrisca a ficar refém dessa apuração se ela demorar para acabar e não for conclusiva

    William Waack

    Jair Bolsonaro (PL) quis dar um golpe de Estado para ficar no poder? Investigação da Polícia Federal (PF), sob ordens do Supremo Tribunal Federal (STF), diz que sim.

    E, além de fazer buscas e apreensões na casa até de generais de quatro estrelas, prendeu outros militares, ex-assessores e aliados políticos do ex-presidente nesta quinta-feira (8).

    O que as evidências que embasam a operação da PF sugerem até aqui é a existência de um grupo no entorno de Bolsonaro disposto a virar a mesa antes mesmo das eleições.

    Um grupo preso às próprias quimeras políticas, que não contava com o contingente militar necessário para um golpe de força, e tão incompetente a ponto de gravar em vídeo a própria conspiração.

    Até aqui, a investigação não produziu material para descrever as cadeias de comando nem o que seria o roteiro pensado para o golpe, mas revela uma extensão muito maior do que já se presumia da contaminação política nos altos comandos das Forças Armadas — que acabaram se opondo aos planos, até aqui ainda nebulosos, de como anular eleições, fechar instituições e manter Bolsonaro no poder contra a vontade do eleitor.

    A investigação está suficientemente embasada, porém, para esburacar a tese de mera perseguição política da oposição, mesmo considerando o papel excepcional do STF e a sequência de operações da PF atingindo políticos de oposição.

    O estrago para Bolsonaro já era antecipado, e é alta a probabilidade de que ele seja preso. Inelegível, já está.

    O estrago para as Forças Armadas ainda terá de ser avaliado — a politização e indisciplina parecem ter sido muito maiores do que já se presumia.

    Quanto à política, arrisca a ficar refém dessa investigação se ela demorar para acabar e não for conclusiva.