Waack: Dá para fazer o bolo crescer e comer o bolo ao mesmo tempo?
Se depender das grandes potências, Lula poderá, na política externa, ver o bolo crescer e comê-lo ao mesmo tempo; na política econômica, o medo é de indigestão
Dá para fazer o bolo crescer e comer o bolo ao mesmo tempo? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece disposto a tentar.
Seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se esforçou hoje para convencer os agentes econômicos que o novo governo será capaz de cuidar ao mesmo tempo dos gastos sociais e do equilíbrio fiscal, mas ainda não conseguiu convencê-los.
Talvez quando apresentar quais serão as regras para o lugar do teto dos gastos, que Lula chamou de estupidez.
A política de preços da Petrobras vai ser alterada com o objetivo declarado de proteger o bolso do consumidor e, de quebra, a popularidade do presidente. Sem aumentar impostos? Essa conta não fechou uma vez, vai fechar agora?
É isso que está contido na frase fazer o bolo crescer enquanto vai sendo comido. É achar que se pode conseguir tudo ao mesmo tempo.
Mas há uma área na qual as circunstâncias sugerem a possibilidade de se equilibrar até em várias canoas. É na política externa.
Tudo o que está ligado ao meio ambiente abre para o Brasil uma extraordinária oportunidade lá fora. Cercada de imensa boa vontade de europeus e americanos.
É tão grande essa boa vontade que europeus e americanos, no meio de uma brutal mudança geopolítica, não parecem se importar quando o novo governo brasileiro anuncia que vai estreitar laços com europeus, com americanos, com chineses, com africanos, com o Oriente Médio, insistindo também numa política sul-sul.
Em outras palavras, se depender das grandes potências Lula pode na política externa ver o bolo crescer e comê-lo ao mesmo tempo. Na política econômica, o medo é de indigestão.