Waack: Brasil, o complexo de inferioridade e a relevância do Tribunal Penal Internacional
O ministro da Justiça, Flávio Dino, sugeriu que o Brasil revesse sua adesão ao Tribunal Penal Internacional de Haia
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse, nesta quarta-feira (13), que o Brasil pode rever a adesão ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia.
Ele fez críticas à Corte, ecoando palavras do chefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para quem o tribunal passou a ser um estorvo desde que expediu um mandado de prisão contra Vladimir Putin, acusado de crimes de guerra pelo tribunal internacional.
Lula gostaria de vê-lo visitando o Brasil na cúpula do G20, que será realizada no ano que vem, sem ter de mandar prendê-lo por culpa desse tribunal, que funciona há 20 anos como uma Corte internacional que julga indivíduos e não estados, sendo considerado uma grande conquista no campo da defesa dos direitos humanos.
No entanto, o ministro da Justiça brasileiro, repetindo Lula, alega que o tribunal é desbalanceado, pois alguns dos grandes países do planeta não fazem parte dele, e só funciona, segundo Lula, com países de menor poder. Portanto, pertencer ao tribunal é para os fracos.
Ao criar, meio século atrás, a expressão “complexo de vira-latas”, o dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues dizia que o problema não era o Brasil perder no futebol. Era, nas palavras do escritor, a inferioridade com que o brasileiro se colocava voluntariamente diante do resto do mundo.
O Brasil demorou algum tempo para se livrar desse complexo. Hoje, é uma superpotência agrícola com papel relevante em um tema central para o planeta: o meio ambiente. Não precisa mais desse complexo de inferioridade.