Waack: Ao convidar militares para comissão, TSE deu tiro no pé
Qualquer questionamento de ordem técnica por parte de militares, como aconteceu, apenas reforça uma tática política, perigosíssima, de desacreditar o funcionamento das urnas
Acaba em confusão política, ou em coisa pior, quando militares vão dizer se urnas funcionam ou não.
É o que está acontecendo no Brasil. Ao convidar as Forças Armadas para enviar representante a uma comissão de transparência das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral deu um tiro no pé.
Qualquer questionamento de ordem técnica por parte de militares, como aconteceu, apenas reforça uma tática política, perigosíssima, de desacreditar o funcionamento das urnas.
E essa é a tática de Jair Bolsonaro na luta pela reeleição.
Os tribunais superiores perceberam tardiamente a armadilha que criaram para si mesmos, e responderam duramente ao ministro da Defesa, hoje, dizendo que não existe sala escura ou qualquer coisa do gênero nas apurações.
Já é um grave erro quando um tribunal tem de responder ao ministro da Defesa, pois não cabe às Forças Armadas tomar conta de eleições. Mas é onde estamos.
Há dúvidas se a resposta do TSE ao ministro da Defesa é suficiente para compensar a pressão de Bolsonaro no sentido de arrastar as Forças Armas no embate político eleitoral.
Até aqui, Bolsonaro não conseguiu.