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    Waack: A inundação de fake news

    As águas da inundação no Sul vão um dia baixar; não se pode dizer o mesmo da inundação de fake news

    William Waack

    Lá vamos nós para mais uma ardente rodada de debate sobre como regular redes sociais para coibir fake news. Até agora esse debate não produziu solução para a praga da desinformação, mentira e falsificação. Isso também acontece em relação à tragédia no Rio Grande do Sul, atrapalhando até mesmo a atuação de instituições como o Exército Brasileiro em seu empenho em salvar e ajudar pessoas.

    Por incrível que pareça, o problema central com fake news é, em primeiro lugar, definir o que é isso. Não há uma definição absolutamente hermética do ponto de vista jurídico, mas sim uma enorme zona cinzenta entre o que é objetivamente falso e mentiroso e o que é manifestação de opinião e interpretação de fatos.

    Existe, sem dúvida, o ímpeto por parte de autoridades constituídas de qualificar como “fake” também críticas à sua atuação. Daí a legítima desconfiança de muita gente quando essas mesmas autoridades se empenham em regular redes sociais.

    As fake news no Brasil atingiram um ponto particularmente virulento e perigoso por outro motivo: é saber qual instância responde, afinal, como a instância guardiã da veracidade objetiva dos fatos. Isto chama-se credibilidade, de onde vem boa parte do princípio da autoridade, da qual depende também o próprio Judiciário.

    Os poderes da República estão engalfinhados nesse ardente debate sobre fake news, cercados de uma crise de credibilidade. As águas da inundação no Sul vão um dia baixar. Não se pode dizer o mesmo da inundação de fake news.

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