TSE mostra 41 candidatos com Bolsonaro no registro; 16 utilizam o nome Lula
Legislação eleitoral permite que pretendentes a cargos nas eleições usem alcunhas ou apelidos na urna na tentativa de atrair mais votos
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) lideram as intenções de voto para a Presidência, segundo o agregador de pesquisas Locomotiva/CNN. Mas seus nomes não estarão nas urnas apenas na disputa pelo Executivo Federal no próximo domingo (2). Um levantamento da CNN identificou, ao todo, 41 pedidos de registro de candidatos com o nome de Bolsonaro; outros 16 trazem o de Lula, seu principal rival.
A prática de associar o nome que aparece na urna a outro candidato, em busca de mais votos, é permitida pela legislação eleitoral. Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autoriza os candidatos a usarem alcunhas e apelidos pelos quais são conhecidos, desde que “não se estabeleça dúvida quanto a sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente”.
Entre os “Bolsonaros” que disputam o pleito, além do candidato à reeleição no Executivo nacional, 15 concorrem a deputado federal e os outros 25 a deputado estadual ou distrital.
Mas apenas três deles ― o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), seu filho Eduardo Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição como deputado federal por São Paulo, e Valeria Muller Ramos Bolsonaro, uma parente distante dos dois que concorre ao cargo de deputada estadual também pelo PL em São Paulo ― carregam verdadeiramente o sobrenome.
Os outros dois filhos políticos do presidente, Flávio Bolsonaro (PL) e Carlos Bolsonaro (Republicanos), ainda exercem mandatos de senador e vereador no Rio de Janeiro, respectivamente, e não concorrem neste ano.
Apesar de não contarem com o Bolsonaro no RG, outros candidatos mantêm — ou já mantiveram — laços familiares com o capitão reformado que foi eleito presidente em 2018 depois de uma carreira de quase três décadas como deputado federal.
Léo Índio Bolsonaro, por exemplo, é Leonardo Rodrigues de Jesus, sobrinho do chefe do Executivo. Apesar de não ter oficialmente o sobrenome, ele irá utilizá-lo nas eleições de 2022. Léo Índio concorrerá a um cargo de deputado distrital pelo PL no Distrito Federal.
Outra candidata que recorre à estratégia é Ana Cristina Valle (PP), cujo nome nas urnas é Cristina Bolsonaro. Ela é ex-mulher do presidente, com quem teve o filho Jair Renan Bolsonaro. Cristina também disputa uma vaga de deputada distrital no Distrito Federal.
Outros, mesmo sem laços consanguíneos, têm proximidade com o presidente. É o caso de Fabiano Guimarães da Rocha, o Fabiano Intérprete Bolsonaro, que é intérprete de libras e atua em lives e em eventos ao lado do presidente. Ele busca um cargo de deputado federal no Distrito Federal pelos Republicanos.
Bebe Bolsonaro, Capitão de Bolsonaro e Rafa Apoiadores do Bolsonaro são exemplos da categoria mais comum a usar o sobrenome presidencial como “cabo eleitoral”: figuras que não têm relações próximas com o presidente.
Nem todos estão no partido do presidente, o PL, apesar de 18 deles serem colegas de sigla de Jair Bolsonaro. Há filiados no Republicanos, no Patriota, no PP, no Pros, no União Brasil e até mesmo no PSOL, que faz oposição ao governo.
Mas neste último caso, a estratégia é se posicionar contra o presidente: o candidato Christopher Borges Veleda pediu o registro com o nome de urna de Chris Col Bolsonaro Nunca Mais para disputar uma vaga de deputado federal no Rio Grande do Sul. O TSE indica, porém, sua candidatura como inapta por motivo de renúncia.
Os “Lulas” que concorrem em 2022
Do lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seis pleiteiam um cargo na Câmara dos Deputados, e outros nove, uma cadeira nas Assembleias Legislativas.
Ao todo, sete candidatos se chamam Luiz ou Luís e têm o Lula como apelido, não necessariamente mantendo relação com o candidato petista. São os casos de Luís Ursulino Santana, o “Lula do Quiosque” (PMB), e Luiz Eduardo de Queiroz Campos da Fonte Albuquerque, o “Lula da Fonte” (PP). Ambos concorrem ao cargo de deputado federal, o primeiro pelo Rio de Janeiro, e o segundo, por Pernambuco.
Outro exemplo é Luiz Cabral de Oliveira Filho, que concorrerá a deputado estadual em Pernambuco pelo Solidariedade. Seu nome nas urnas é Lula Cabral. A candidata de seu partido ao governo do estado é Marília Arraes, que concorre contra Danilo Cabral (PSB), nome apoiado pelo ex-presidente Lula na disputa pelo Executivo estadual.
Dentre os 16 “Lulas” que podem estar nas urnas em outubro, apenas dois têm o nome em seu registro civil. Além do postulante à Presidência, Carlos Eduardo de Oliveira Lula, ex-secretário de Saúde do Maranhão, é candidato a deputado estadual pelo PSB no estado.
Há o caso de um Lula no RG, postulante a deputado estadual no Rio Grande do Norte, que decidiu não incluir o nome na urna. Trata-se de Nelter Lula de Queiroz Santos, do PSDB.
Alberto Inácio da Silva, que concorre a Assembleia Legislativa do Mato Grosso, tem parte do nome civil igual ao do ex-presidente, mas não o Lula. Mas utiliza Lula como estratégia para disputar uma vaga na Câmara pelo Maranhão.
Metade dos 16 candidatos com o nome do ex-presidente são quadros do PT. Mas eles também marcam presença no PSB, PCdoB, Solidariedade e Rede, que apoiam a candidatura do petista.
Fotos — Os candidatos a vice-presidente
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