STF vai julgar indicação de políticos em estatais
Julgamento da liminar que derrubou trechos da Lei das Estatais foi marcado para 6 de dezembro
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 6 de dezembro o julgamento em plenário de uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski que derrubou pontos da Lei das Estatais e flexibilizou as regras para a nomeação de políticos.
Foram mais de oito meses de espera a despeito de regras do próprio STF de que decisões monocráticas não podem demorar mais de 90 dias para serem avaliadas.
Nesse meio tempo, o governo nomeou dezenas de políticos para cargos e empresas estatais.
O trecho da Lei das Estatais em questão determinava uma quarentena para políticos indicados a cargos em estatais.
A Câmara já aprovou essa mudança na lei das estatais, mas o assunto empacou no Senado, apesar do empenho pessoal do presidente Lula, que chegou a conversar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Se a liminar for derrubada, todos os políticos indicados com base na liminar terão que deixar seus cargos, o que pode impactar inclusive na articulação de Lula no Congresso.
O principal deles é Paulo Câmara, ex-governador de Pernambuco que ocupa a presidência do Banco do Nordeste.
A votação da liminar da lei das estatais chega ao mesmo tempo que dois fatos políticos importantes.
No Senado, foi aprovada a PEC que reduz os poderes dos ministros em decisões monocráticas, exatamente como a liminar da lei das estatais.
Segundo analistas, a votação pode ser um recado ao Executivo e ao Congresso.
Nos últimos dias, o presidente Lula entrou pessoalmente em campo para tentar dissipar o mal-estar que se instalou na relação com o STF por conta da votação da emenda que limitou poderes do tribunal.
O Senado conseguiu aprovar a PEC com margem muito apertada. E um dos votos decisivos veio justamente do líder do governo no Senado, Jaques Wagner, um dos fiéis escudeiros de Lula.
Por outro lado, vem também em meio à expectativa da nomeação de Paulo Gonet para a Procuradoria Geral da República (PGR) e Flávio Dino para o próprio Supremo, segundo fontes ouvidas pela CNN. Ambos os nomes agradam a corte.
Para analistas, o STF finalmente declarar a inconstitucionalidade da lei poderia ser visto como uma retribuição.