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    STF tem maioria para rejeitar denúncia contra Gleisi por corrupção e lavagem de dinheiro

    PGR denunciou deputada, o empresário Marcelo Odebrecht e mais dois; ministros entenderam que faltam provas para sustentar acusações

    Lucas Mendes

    O Supremo Tribunal Federal (STF) tem maioria de votos para rejeitar uma denúncia contra a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

    A Corte também tem maioria contra tornar réus os demais denunciados na ação: o ex-ministro Paulo Bernardo Silva e os empresários Marcelo Odebrecht e Leones Dall’agnol.

    Até o momento, acompanham o relator dos casos, Edson Fachin, os ministros André Mendonça, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes.

    O ministro Cristiano Zanin se declarou impedido de julgar o caso por ter atuado como advogado em um processo aberto a partir do inquérito em análise pelo Supremo.

    Os ministros analisam a denúncia em sessão virtual que começou na sexta-feira (10) e vai até 23h59 desta segunda-feira (20). No formato, não há debate, e os magistrados apresentam seus votos em um sistema eletrônico.

    Durante a votação, é possível pedir vista (o que paralisa a análise) ou destaque (que zera o placar e pode remeter o julgamento para o plenário físico da Corte).

    A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2018.

    O caso envolve supostas propinas pagas pela Odebrecht a políticos do PT para favorecer a empresa por meio de linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Na época, Gleisi era senadora.

    Na última manifestação que fez no inquérito, a PGR voltou atrás e defendeu a rejeição da própria denúncia. O órgão citou casos conexos que foram rejeitados pela Justiça e a decisão do ministro Dias Toffoli, de setembro, de anular todas as provas obtidas a partir do acordo de leniência da construtora Odebrecht.

    Voto

    Para o relator, a acusação não trouxe provas suficientes para confirmar a denúncia.

    “Emerge da análise acurada deste procedimento criminal a constatação da insuficiência dos elementos indiciários colacionados pelo órgão acusatório para conferir justa causa à denúncia, revelando-se insuficientes a revelar a existência de materialidade e indícios da autoria delitiva, pressupostos básicos à instauração da persecução penal em juízo”, afirmou o ministro.

    Sobre as acusações contra Gleisi, o magistrado afirmou que a PGR não comprovou que a deputada tivesse “adotado método dissimulado” para mascarar a suposta origem ilícita de dinheiro recebido.

    Fachin também declarou que não ficou comprovada a ligação entre o pedido e recebimento de propina e o favorecimento à empresa por meio da atividade da congressista.

    “No caso em análise, no entanto, a versão ministerial não estabelece liame entre as funções públicas exercidas pela denunciada Gleisi Helena Hoffmann à época do recebimento de verbas espúrias com qualquer circunstância que, perpetrada ilicitamente, pudesse atender aos interesses do Grupo Odebrecht”, disse.

    Sobre as condutas imputada a Marcelo Odebrecht, Fachin deu razão ao argumento da defesa de que ele já foi processado pelo caso, em relação a fatos anteriores que teriam ligação com as práticas denunciadas pela PGR.

    Defesa

    O advogado Angelo Ferraro, do escritório Ferraro, Rocha e Novaes Advogados, que representa Gleisi, disse em nota que o processo é “frágil e sem provas”.

    “Conforme demonstrado exaustivamente pela defesa não havia justa causa para o recebimento da denúncia. Sendo o processo frágil e sem provas, o STF fez justiça ao inocentar a deputada Gleisi”, afirmou.

    O caso

    A denúncia afirmava que houve supostas negociações entre lideranças do PT e Marcelo Odebrecht para beneficiar a construtora. A PGR atribuiu a adoção de uma política do BNDES favorável à Odebrecht e outras empresas como resultado de recebimento de propinas por agentes políticos.

    No caso, o banco de desenvolvimento ampliou a linha de crédito para financiamento de exportações de bens e serviços entre Brasil e Angola.

    A acusação também trazia supostas promessas de propinas para serem pagas à campanha de Gleisi ao governo do Paraná, em 2014, além de lavagem de dinheiro por meio de declarações à Justiça Eleitoral.

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