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    Servidores de carreira fazem pressão por troca no comando da Abin

    Ministros e parlamentares também dão sinais de insatisfação com Luiz Fernando Corrêa; diretor-geral, no entanto, conta com apoio do Planalto para se manter no cargo

    Elijonas MaiaLarissa Rodriguesda CNN , Brasília

    Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) querem um oficial de inteligência de carreira no comando da corporação. Agentes consultados pela CNN, sob a condição de anonimato, afirmaram que vão aumentar a pressão pelas demissões do diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor-adjunto, Alessandro Moretti.

    A possibilidade de troca no comando ganhou força após a agência se ver evolvida em um esquema de espionagem montado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para monitorar jornalistas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No período, a Abin era chefiada pelo também delegado da PF Alexandre Ramagem.

    A avaliação interna é que situações como essa têm “manchado” a imagem da agência há anos. Os servidores de carreira argumentam que as “pessoas de fora” levam problemas externos para dentro da agência e depois vão embora. Dos últimos oito diretores-gerais da corporação, quatro eram delegados da Polícia Federal.

    Hoje deputado federal, Ramagem (PL-RJ) foi coordenador da segurança de Jair Bolsonaro após o então candidato sofrer um atentado em Juiz de Fora, em 2018. Foi nessa época que ganhou a confiança dos filhos do ex-presidente.

    Já Luiz Fernando Corrêa trabalhou nos dois primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi diretor-geral da PF e secretário nacional de Segurança Pública. Desde então, é figura próxima do petista.

    Relação estremecida

    Apesar da confiança do presidente da República, Luiz Fernando Corrêa tem recebido críticas de integrante do governo. Três ministros próximos à Lula fizeram à CNN duras críticas contra o diretor-geral da Abin. A participação dele na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso foi tida como “desastrosa.”

    O governo contava que Corrêa conseguiria provar que a atual direção da Abin não tem relação a gestão Bolsonaro, apesar de manter Paulo Maurício Fortunato Pinto como número 3 da pasta. Fortunato foi um dos alvos da operação da semana passada. A PF apreendeu US$ 175 mil na casa dele.

    Segundo os membros da comissão, a reunião também teria sido frustrante do ponto de vista de informações que deveriam ser fornecidas pelo diretor-geral. Havia expectativa de que ele entregasse a lista com nomes de quem foi monitorado durante o governo Bolsonaro.

    Mesmo diante da pressão, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que tem a agência de inteligência sob seu guarda-chuva, garantiu à CNN que Luiz Fernando Côrrea seguirá no comando da Abin.

    Veja também: Pacheco diz que espionagem na Abin é “algo gravíssimo que deve ser punido”

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