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    Sergio Vale: Os projetos de Lula e Simone Tebet na economia

    Espera-se que o petista melhore a regra do teto dos gastos; emedebista tem o projeto dos sonhos do mercado

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB), candidatos à Presidência
    Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB), candidatos à Presidência Arte CNN

    Sergio Vale

    As sabatinas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB) para o jornal Nacional seguiram de certa forma o script das entrevistas anteriores de Ciro Gomes (PDT) e Bolsonaro e pouco ficamos sabendo do que efetivamente será feito na economia. 

    A começar por Lula, o discurso de mais investimento público logo de começo deixou um gosto amargo das experiências mal sucedidas no passado com o PAC e planos do mesmo gênero. Como o tema escorregou para a corrupção e um olhar saudoso de um passado glorioso imaginado pelo presidente, ficamos sem saber muito o que seria um governo Lula. 

    Talvez o que mais chamou a atenção, e tem também circulado em algumas rodas, é a possibilidade de um papel maior para Geraldo Alckmin (PSB) no governo. Um Ministério da Fazenda não seria de todo mal e daria um verniz liberal em um governo com um PT ávido para gastar. A dúvida é se Alckmin duraria muito e uma queda não lhe faria sair do governo posto que vice-presidente.  

    Uma solução externa à lá Henrique Meirelles faria mais sentido, pois tem alguma experiência política e já passou pelo ministério com reformas importantes. Com alguma blindagem de Lula e Alckmin conseguiria fazer um bom trabalho. Mas precisa combinar com os russos, no caso os petistas, que dificilmente olharão Meirelles ou qualquer um do tipo com bons olhos. 

    Saídas via Pérsio Arida, por exemplo, também seriam muito positivas, especialmente depois de ele já ter apresentado um plano de voo interessante pelo Grupo dos 6. 

    De qualquer maneira, a ideia que Lula joga de ter estabilidade, previsibilidade e credibilidade soa como bálsamo para o mercado. O duro será reconquistar o lugar do Executivo no meio de um Legislativo crescentemente empoderado. 

    Esse reequilíbrio de poderes que Lula tentaria trazer seria interessante, especialmente com um Bolsonaro capitulado pelo Congresso. Todos sabemos que a regra do teto será refeita, em qualquer governo eleito. O que se espera no caso de Lula é que seja melhorada e não apenas desfeita. 

    Já Simone Tebet tem o projeto dos sonhos do mercado. Com uma equipe excepcional a seu lado, a começar de Elena Landau, planos não faltarão para o governo. Planos esses que Simone não conseguiu desenvolver a contento, talvez por nervosismo, mas que transparecem do programa escrito dela.  

    Seu plano social talvez seja o mais bem desenhado de todos, seguindo as diretrizes de projeto anterior apresentado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e que seria um salto de qualidade nos programas sociais do país ao criar um seguro contra a instabilidade de renda e visando também uma poupança para a população jovem mais pobre.  

    A estabilidade macro com Simone seria mais factível. Em pesquisa feita pelo Broadcast com o mercado sobre três quesitos, equilíbrio macroeconômico, política monetária e fiscal e governabilidade, Simone aparece muito à frente nos três casos. E, de fato, ela teria mais condições de apresentar um plano mais coerente e de conversar à direita e à esquerda, com um foco fora da polarização. 

    Entretanto, Simone me parece mais frágil com um Congresso mais independente e que, tendo Arthur Lira (PP-AL) ainda como presidente da Câmara, lhe trará dificuldades de governabilidade por conta do orçamento secreto. Mas sua reforma tributária promete ter a mais completa de todas, focando em uma real simplificação de impostos. 

    Apesar de ter pouca experiência Executiva, Simone tem demonstrado capacidade de articulação e de montar boas equipes, o que é um bom sinal do que poderia ser seu governo. A dificuldade, entretanto, está justamente em uma polarização conseguir apaziguar os ânimos da população. Parece ser um projeto mais para 2026 do que agora. 

    Simone parece ter o melhor projeto para a economia, mas Lula tem as maiores chances de ser eleito. Quem sabe em uma eventual composição de segundo turno parte do projeto de Simone possa ser incorporado no de Lula. Não dá para esperar muito mais do que isso. 

    Este texto não representa, necessariamente, a opinião da CNN Brasil.