Segundo PF, general teria planejado atribuir responsabilidade por omissão no 8/1 a Dino
Informações sugerindo culpa de então ministro da Justiça constavam em um caderno do general da reserva Mario Fernandes
O relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado, que teve sigilo derrubado nessa terça-feira (26), revela que o general da reserva Mario Fernandes teria planejado atribuir ao então ministro da Justiça Flávio Dino a “responsabilidade por omissão” dos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes radicais invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes.
“Nos materiais físicos apreendidos em poder de MARIO FERNANDES foram identificadas anotações que demonstram a atuação do investigado para criar narrativa com a finalidade de tentar atribuir ao então ministro da Justiça FLAVIO DINO a responsabilidade por omissão da tentativa de golpe de Estado realizada no dia 08 de janeiro de 2023”, diz o relatório.
De acordo com a PF, Mario Fernandes é um dos principais articuladores do plano golpista. Segundo a corporação, o general foi responsável por elaborar e imprimir o documento denominado “punhal verde e amarelo”, que incluía a possibilidade de execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após as eleições de 2022. Ele foi preso na Operação Contragolpe, na semana passada.
O relatório da PF conta com fotos das páginas de um caderno apreendido com Fernandes. Nas anotações do general há registros referentes aos atos golpistas do 8 de janeiro e à atuação do então ministro da Justiça, com descrições de possíveis temas a serem abordados.
Na sequência do material também há menção ao senador Marcos do Val (Podemos-ES)
“Em uma das páginas do caderno há a descrição denominada ‘Visão Marcos do Val → MDV’, possivelmente relacionado ao Senador da República MARCOS DO VAL. Chama a atenção algumas anotações que evidenciam que o grupo criminoso, por meio do referido Senador, tinha a intenção de praticar atos para atacar o ministro ALEXANDRE DE MORAES. O documento ainda descreve a expressão “FD”, possivelmente fazendo referência ao então Ministro da Justiça FLÁVIO DINO e a letra “L”, como associada, possivelmente, ao presidente LULA”, descreve o relatório.
Audiência no Senado em 2023
O então ministro da Justiça Flávio Dino esteve em audiência no Senado, em maio de 2023, para esclarecimentos em relação ao 8 de janeiro.
Na ocasião, ele discutiu com Marcos do Val, que estava presente e realizou perguntas a Dino.
O senador disse, durante a audiência, que esperava o afastamento de Flávio Dino, além de responsabilizá-lo pelas depredações dos manifestantes que invadiram os Três Poderes.
Dino negou responsabilidade, alegando que não dispensou a Força Nacional no dia 8 de janeiro, e nem recebeu relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a realização de ataques.
A CNN tenta contato com as defesas do atual ministro do STF, Flávio Dino, do senador Marcos do Val e do general Mario Fernandes.
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