Se Ocidente não reagir pela força, Rússia vai repetir a Alemanha de Hitler, diz Mourão
Em conversa com repórteres nesta quinta (24), vice-presidente afirmou que o Brasil "não está neutro e deixou muito claro que respeita a soberania" da Ucrânia
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, nesta quinta-feira (24), que os países ocidentais deveriam reagir pela força no apoio à Ucrânia diante da invasão russa iniciada durante a madrugada.
“Tem que haver o uso da força. Realmente um apoio à Ucrânia maior do que o que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, declarou a repórteres ao chegar no gabinete da vice-presidência, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Ele argumentou que, caso o Ocidente não reaja desta forma, a Rússia colocará em prática um plano de expansão aos moldes da Alemanha nazista de Hitler, na época da Segunda Guerra Mundial.
“Se o mundo ocidental, pura e simplesmente, deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo vai ser a Moldávia, depois os estados bálticos e depois sucessivamente”, disse o vice-presidente.
“Igual a Alemanha hitlerista fez no final dos anos 30”, completou.
“Brasil não está neutro”
O vice-presidente também argumentou que o “Brasil não está neutro” em relação à Ucrânia.
“O Brasil deixou muito claro que respeita a soberania da Ucrânia”, acrescentou, dizendo também que “não concorda” com a invasão do território ucraniano.
Mourão afirmou que o Brasil tem se posicionado dentro da ONU (Organização das Nações Unidas) “respeitando os princípios básicos do Direito Internacional”.
“Por enquanto, não temos nenhuma outra coisa a fazer além disso”, concluiu o vice-presidente.
Posicionamento do Itamaraty
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou por uma nota na manhã desta quinta-feira (24) que acompanha com “grave preocupação” os ataques da Rússia à Ucrânia que acontecem desde as primeiras horas desta quinta-feira (24).
“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, diz a nota do orgão federal.
Segundo o comunicado, o Brasil, como membro do Conselho de Segurança da ONU (Organização da Nações Unidas), acompanha as discussões em todas as partes em busca de uma solução pacífica para o conflito “em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional”.
Brasileiros na Ucrânia
A Embaixada do Brasil em Kiev, capital da Ucrânia, país que está sob ataque da Rússia desde as primeiras horas desta quinta-feira (24), recomendou que os brasileiros que vivem no país “possam deslocar-se por meios próprios para outros países ao oeste da Ucrânia que o façam tão logo possível, após informarem-se sobre a situação de segurança local”.
A comunidade ucraniana que vive no Brasil pede uma posição mais firme do governo brasileiro sobre os ataques contra o país do leste europeu e a situação dos brasileiros na Ucrânia.
Entenda o ataque
Após semanas de tensão, a Rússia atacou a Ucrânia nas primeiras horas da madrugada desta quinta. Uma operação militar nas regiões separatistas do leste ucraniano, explosões e sirenes foram ouvidas em várias cidades do país.
Autoridades da Ucrânia informaram que dezenas de pessoas morreram e seis aviões russos teriam sido destruídos. Na manhã desta quinta, longas filas se formaram nas principais avenidas de Kiev com moradores tentando deixar a região. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convocou a população para defender o país e disse que “cidadãos podem utilizar armas para defender território”.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
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