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    Saraiva foi sondado por Ramagem para assumir PF no Rio, diz advogado de Moro

    A escolha de superintendentes regionais costuma caber ao diretor-geral da PF, que na época era Maurício Valeixo -- cuja saída foi o estopim da demissão de Moro

    O delegado Alexandre Saraiva, superintendente da Polícia Federal no Amazonas, foi sondado pelo diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, para assumir o comando da PF no Rio, e seria o nome do presidente Jair Bolsonaro para o posto, disseram nesta quarta-feira (13) em Brasília advogados do ex-ministro Sergio Moro.

    Luiz Gustavo Pujol, advogado de Moro, disse que o delegado Carlos Henrique Oliveira afirmou que Saraiva era o nome do presidente para a superintendência do Rio. Oliveira chefiava a PF fluminense até o começo do mês.

    Já segundo o advogado Carlos Eduardo Treglia, também representante do ex-ministro, o próprio Saraiva relatou a consulta feita por Ramagem em depoimento prestado hoje dentro da investigação sobre a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. 

    “Ele mencionou que quem o convidou, através de uma ligação telefônica, para ser um nomes cogitados à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro… Foi um telefonema feito pelo doutor Alexandre Ramagem, que indagou se ele tinha interesse em assumir a delegacia do Rio de Janeiro”, disse o advogado.

    Ainda segundo Treglia, Saraiva contou que, ainda em 2018, esteve na casa de Bolsonaro porque estava cotado para assumir o Ministério do Meio Ambiente. Neste caso, o contato teria partido do próprio Bolsonaro. Segundo o delegado, a reunião com Bolsonaro teria sido seu último contato com o presidente.

    Saraiva, no entanto, teria negado qualquer associação entre eventuais investigações envolvendo a família de Bolsonaro e a sondagem para assumir a PF no Rio.

    Saraiva e Ramagem

    Ramagem foi o primeiro escolhido por Bolsonaro para chefiar a PF depois da saída de Maurício Valeixo, cuja substituição foi o estopim do pedido de demissão de Moro do governo. A nomeação de Ramagem foi barrada no STF (Supremo Tribunal Federal) por causa da investigação em andamento sobre a suposta interferência do presidente na corporação.

    A escolha de superintendentes regionais costuma caber ao diretor-geral da PF. Em 2019, segundo o currículo de Ramagem disponível no site da Abin, ele foi nomeado superintendente da PF no Ceará em fevereiro, “mas acabou por assumir o cargo de assessor especial da Secretaria de Governo da Presidência da República”. Em julho, assumiu a direção da Abin.

    A consulta de Ramagem a Saraiva teria ocorrido quando o delegado Ricardo Saadi foi retirado da chefia da PF do Rio, em agosto do ano passado. 

    De acordo com Treglia, Saraiva se colocou à disposição para assumir o cargo, desde que isso passasse pelo crivo do diretor-geral da PF. O substituto acabou sendo Carlos Henrique Oliveira — que também depôs hoje.

    O advogado Luiz Eduardo Pujol relatou que, em seu depoimento, Oliveira disse que cabe internamente à PF escolher os chefes de superintendências. “Não há, culturalmente, interferência externa de ninguém nesse procedimento”, disse Pujol.

    Oliveira também não teria sabido dizer por que Bolsonaro queria um nome indicado por ele para chefiar a superintendência do Rio.

    Na época da substituição de Saadi, Bolsonaro chegou a dizer que questões de “produtividade” motivaram a mudança — o que a própria PF rebateu em nota oficial naquele momento. Oliveira também teria rechaçado esta versão, disse Pujol.

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