Resistência de Lula em entregar Desenvolvimento Social ao PP trava entrada do Centrão no governo, dizem fontes
Em conversas reservadas, Lula disse que não tem condições de abrir mão da pasta, que considera o que chamou de “ministério que é a cara do seu governo”
A resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de entregar o Ministério do Desenvolvimento Social ao PP travou, mais uma vez, as discussões para a entrada do Centrão no governo.
A posição de Lula pode também acabar afastando o Republicanos da Esplanada. À CNN, pessoas que estão participando das negociações disseram que os dois partidos fecharam um acordo nos bastidores sobre as demandas feitas a Lula.
Análise: O governo Lula e o Centrão
A ideia é fazer uma negociação casada. Ou seja, o PP e o Republicanos só entrarão no governo se os dois partidos assumirem as pastas que almejam. Assim, se a sigla de Arthur Lira (PP-AL) não comandar o ministério que hoje está com Wellington Dias, Republicanos não topa entrar no governo. O mesmo vale para o partido de Arthur Lira caso a sigla de Marcos Pereira (Republicanos-SP) fique sem Portos e Aeroportos.
De acordo com relatos feitos à CNN, na conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira, na quarta-feira (16), o presidente ofereceu ao PP o comando da Caixa Econômica Federal e um novo ministério, de Micro e Pequenas Empresas, mas o partido não topou e insistiu na pasta responsável pelo Bolsa Família.
Na mesma conversa, segundo pessoas a par das negociações, disse a Lira que a ideia seria ofertar o Ministério dos Portos e Aeroportos ou o dos Esportes ao Republicanos, que também ficaria com a Funasa (Fundação Nacional da Saúde).
Diante da resistência do PP ao cenário apresentado por Lula, o presidente ficou de reavaliar a demanda do partido de Lira e dar um retorno ao presidente da Câmara.
Em conversas reservadas na noite desta quinta-feira (17), no entanto, Lula voltou a dizer que não tem condições de abrir mão do Desenvolvimento Social, que considera o que chamou de “ministério que é a cara do seu governo”.
A avaliação de líderes partidários ouvidos pela CNN é que, neste momento, as negociações voltaram para o zero a zero. Eles não veem perspetiva de uma solução rápida —pelo menos não nesta sexta-feira (18), como estava sendo aventado.