Representante da Davati diz que reverendo prometeu levá-lo a Bolsonaro
Cristiano Alberto Carvalho afirmou à CNN que ouviu diretamente do reverendo Amilton Gomes de Paula que o grupo teria um encontro com o presidente Jair Bolsonaro
Representante oficial no Brasil da Davati, Cristiano Alberto Carvalho afirmou à CNN que ouviu diretamente do reverendo Amilton Gomes de Paula que o grupo teria um encontro com o presidente Jair Bolsonaro ou com integrantes da Casa Civil da Presidência.
De acordo com ele, o reverendo relatou que a reunião ocorreria dias após encontro realizado em 12 de março com o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. Carvalho afirma que a conversa com a presidência acabou não ocorrendo e ele retornou então de Brasília no dia 14 de março.
A Davati é a empresa que tentou fechar, com a ajuda do reverendo Amilton de Paula e do cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti, um contrato bilionário de venda de vacinas com o Ministério da Saúde no início deste ano.
Por causa das tratativas, Cristiano entrou na mira da CPI da Pandemia e seu depoimento está previsto para esta semana. Ele aceitou detalhar à CNN o que pretende dizer aos senadores.
De acordo com Carvalho, a sinalização do reverendo sobre um encontro com o presidente ocorreu durante um almoço na casa do líder religioso em Brasília no dia 12 de março, uma sexta-feira.
Com eles, estavam ainda Luiz Paulo Dominghetti, o coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil, e funcionários da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), entidade dirigida pelo reverendo.
Todos eles haviam acabado de deixar o Ministério da Saúde em mais uma tentativa de convencer o governo a assinar contrato com a Davati para o fornecimento de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca. O encontro na pasta fora com o próprio Élcio Franco e facilitado pelo Instituto Força Brasil.
“Após o almoço, o Reverendo e sua equipe sugeriram que eu ficasse em Brasília no sábado, pois poderia apresentar a mim alguém da Casa Civil ou ao presidente Bolsonaro em um café da manhã com líderes religiosos”, afirma Carvalho. “Atendi ao pedido do Reverendo ficando até domingo em Brasília, porém não participei do café da manhã”.
Carvalho diz que o reverendo afirmou somente que “não havia mais disponibilidade”.
Ele afirma que não sabe se o reverendo tinha mesmo acesso ao presidente. “Não deu muitos detalhes, me pareceu devido a ele ser um dos líderes religiosos do país”.
A declaração reforça uma trilha que a CPI está perseguindo: os contatos de reverendo Amilton de Paula com integrantes do governo Jair Bolsonaro. O reverendo também tem depoimento previsto para esta semana, mas apresentou atestado médico e pediu para não comparecer à comissão nesta quarta-feira (14).
Como a CNN mostrou, mensagens e um áudio do celular de Dominghetti uma semana antes do almoço narrado por Carvalho mostram o cabo da PM fazendo referência à mulher do presidente, Michelle Bolsonaro, e ao fato de o grupo ter chegado “à presidência da República”. “Michele está no circuito agora”, escreveu Dominghetti a um interlocutor, o também vendedor autônomo Rafael Alves. “Junto ao reverendo”.