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    Recompra do Rolex: Wassef entra na mira da CPMI do 8/1

    Segundo parlamentares do colegiado, a movimentação financeira de Wassef pode ajudar a esclarecer o que chamam de um "projeto de golpe de Estado"

    Da CNN

    Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro querem ouvir o advogado Frederick Wassef sobre a recompra do relógio Rolex.

    O relógio é avaliado em US$ 68 mil (mais de R$ 300 mil), mesmo com o advogado apresentando dívidas de condomínio, imposto e multa de trânsito, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada no sábado (26).

    Vídeo — Acesso ao celular de Wassef pode trazer avanços à investigação?

    Segundo parlamentares do colegiado, a movimentação financeira de Wassef pode ajudar a esclarecer o que chamam de um “projeto de golpe de Estado”, que envolveria o esquema das joias sob investigação.

    A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmou que a CPMI já pretendia chamar Wassef por causa de seu envolvimento no esquema suspeito de desvio e venda ilegal de presentes recebidos por Jair Bolsonaro (PL) enquanto ocupava a Presidência.

    Agora, na avaliação da senadora, a decisão sobre a convocação tende a ser acelerada. “Isso (informação de que Wassef acumula dívidas) nos dá uma pista e reforça a necessidade de ouvi-lo, nos traz mais indícios de que, sim, pode haver algo”, disse Soraya.

    Atualmente, há seis requerimentos que pedem a convocação de Wassef como testemunha na CPMI do 8 de Janeiro, além de três pedidos de quebra de sigilo – todos na esteira da Operação Lucas 2:12, da Polícia Federal, sobre a venda de joias e presentes no exterior por aliados de Bolsonaro.

    “Estamos analisando que muito dinheiro que transitou nesses últimos meses, principalmente após o segundo turno, foi para financiar o golpe de Estado”, afirmou Soraya.
    Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a reportagem do Estadão de sábado (26) reforça a necessidade de o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), colocar em votação os requerimentos.

    Viagem a Miami

    Em março deste ano, Wassef viajou para Miami, nos Estados Unidos, para recuperar um relógio Rolex doado para o ex-presidente e vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo.

    Para reaver o Rolex, Wassef teria pago o equivalente a R$ 346.983,60, com o objetivo de entregar o relógio ao Tribunal de Contas da União (TCU), que havia determinado a devolução dos presentes.

    “Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República”, afirmou o advogado, após ser alvo da Lucas 2:12.

    Wassef ainda ironizou que “o governo do Brasil” lhe “deve R$ 300 mil” e disse que o resgate do relógio não se deu a pedido de Bolsonaro.

    Depoimentos simultâneos

    Na semana passada, a PF intimou Wassef, Bolsonaro e outras seis pessoas a prestarem depoimento sobre o caso das joias no próximo dia 31.

    No mesmo dia, Bolsonaro também será ouvido sobre o caso de empresários que discutiram pelo WhatsApp a possibilidade de um golpe de Estado.

    Sobre as joias, haverá depoimentos simultâneos também de pessoas muito próximas do casal Bolsonaro: o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten; o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid — que também prestará esclarecimentos à PF neste dia; Frederick Wassef, advogado pessoal de Bolsonaro, além do tenente Osmar Crivellati e do coronel Marcelo Câmara, ex-assessores da Presidência.

    A escolha pela realização de vários depoimentos ao mesmo tempo é para evitar que os depoentes combinem versões.

    A PF quer saber de onde partiu a ideia para vender as joias e relógios recebidos de presente da Arábia Saudita, para quem foram vendidos, e como foi o processo de recompra e retorno de alguns itens para o Brasil.

    Além disso, nem todas as peças teriam sido encontradas até agora, como um relógio Patek Philippe fotografado pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

    Em outra investigação em abril, a PF adotou o mesmo método de depoimentos simultâneos ao ouvir um grupo de nove militares que apareceram em imagens de dentro do Palácio do Planalto, no dia dos ataques de 8 de janeiro.

    A CNN entrou em contato com Frederick Wassef e aguarda retorno.

    (Publicado por Daniel Fernandes, com informações do Estadão Conteúdo e de Basília Rodrigues, da CNN)

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