“Queremos todos que rechaçaram o 8/1 no governo”, diz Padilha à CNN
Ministro das Relações Institucionais disse que há uma linha no país que divide os políticos entre quem defende a democracia e quem é contra ela
O governo Lula quer compor seus ministérios com todos aqueles políticos que rechaçaram os atos golpistas de 8 de janeiro, defendendo a democracia, independente de ideologia política, disse Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, à CNN na noite desta quinta-feira.
“Nós queremos que todos aqueles que rechaçaram o dia 8 de janeiro possam estar no governo, inclusive parlamentares que são filiados a partidos políticos de oposição”, afirmou.
Para Padilha, a defesa ou o apoio aos atos de 8 de janeiro traçou no país uma linha que marca quem defende a democracia e quem é contra ela.
“Queremos uma frente política que estabeleça uma linha demarcatória muito clara. Queremos estar com todos aqueles que defendem a democracia para fazer três questões fundamentais”, disse, citando:
- “garantir estabilidade econômica para retomada do crescimento”;
- “recriação dos programas sociais”;
- e o “reposicionamento do Brasil no mundo”.
Ainda sobre a eventual reforma ministerial, que deve ocorrer no segundo semestre de 2023, Padilha foi questionado se as pastas que serão cedidas a partidos do Centrão terão secretarias nomeadas por Lula.
Segundo ele, o presidente “sempre tem a responsabilidade de indicar pessoas”. “Tem espaços dentro do governo que o próprio presidente faz questão de fazer a indicação. Isso acontece com todos os ministros e ministras, porque a responsabilidade do governo é comum, conjunta, não é um governo de caixinhas, de feudos. É uma equipe conjunta”.
Novo PAC
Padilha também falou sobre o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que será lançado nesta sexta-feira (11). Segundo ele, o programa trará entre as novidades “aprendizados” com erros do passado.
“Uma coisa nova é buscar atrair emendas individuais de parlamentares para agregar recursos ao novo PAC. Acho que pode ser também um aprendizado para a gente usar ainda melhor os recursos das emendas para programas prioritários, que chegam para a população”, disse.
Além disso, o programa deve focar um dos seus eixos em energias renováveis, reconhecendo o que chamou de “grande potencial” do Brasil.
“Trazer para o novo PAC o tema da sustentabilidade, um eixo que está muito focado na ideia da transição energética, é um aprendizado de reconhecer que o Brasil tem, hoje, um grande potencial. Mais de 80% dos investimentos em energia do novo PAC estão relacionados à energia renovável”.
Além disso, ele falou da possibilidade de o governo passar, a partir da nova formatação do programa, a editar PPPs [parcerias público-privadas] federais.
O novo PAC será lançado no Rio de Janeiro nesta sexta, em evento com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa.
Confira a segunda parte da entrevista de Padilha
Mercado de carbono
Questionado sobre regulamentar a monetização do mercado de carbono [que visa transforma o sequestro de carbono em ativo financeiro para o Brasil], o ministro disse que há unidade no governo, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
“Não vejo esse grau de divergência. Acho que temos tudo para aprovar um marco legal de crédito de carbono que dê segurança para quem quer investir no país”, afirmou Padilha.
“Ela [Marina Silva] participou, o Ministério do Meio Ambiente tem participado desse debate, tem concordância em relação ao conjunto das propostas. E acredito que vamos ter um texto do governo, do conjunto do governo, que trabalha com essa ideia de que o meio ambiente é um ativo para a atração de investimentos”.
O ministro das Relações Institucionais determinou ainda que, para se chegar a uma conclusão sobre o tema, é necessário a compreensão de todos de que é preciso garantir estabilidade aos investidores interessados nesse mercado.
“O que é fundamental para o Brasil assumir esse papel com muita força é, primeiro, ter uma regra estável, que dê estabilidade para quem quer investir, dê estabilidade para que fundos queiram investir, para que possam existir ativos financeiros relacionados com isso. Uma espécie de quem financia a floresta de pé, quem financia o esforço de descarbonização da matriz energética, quem financia a recuperação de terras degradadas”.