“Quem fala pelo Progressistas sou eu”, diz à CNN Ciro Nogueira
Presidente do PP colocou a sigla como oposição ao governo Lula e desautorizou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como possível interlocutor da legenda após fala de que seria base de apoio
O presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou à CNN que somente ele pode falar em nome do partido, que disse ser de oposição ao governo Lula.
A declaração desautoriza o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que, recentemente, falou que a legenda era da base de apoio.
“Eu não estou dizendo que ele [Arthur Lira] está mentindo, mas estou dizendo que quem fala pelo Progressistas sou eu. Eu sou o presidente do partido. Assim com Arthur é presidente da Câmara dos Deputados e fala pela Câmara dos Deputados”, declarou.
“Quem tem respaldo para falar não só em nome da bancada da Câmara Federal, mas a bancada do Senado, dos prefeitos, dos vereadores e, principalmente, dos militantes é o presidente nacional do partido. E, até o final do meu mandato, eu posso garantir que — ainda tenho três anos de mandato — o Progressistas não será base desse atual governo”, completou.
Ciro Nogueira foi ministro-chefe da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem mantém sua lealdade até hoje. Os parlamentares de oposição no Congresso Nacional atualmente possuem forte relação com o bolsonarismo.
Questionado pela CNN sobre o presidente da Câmara dizer que tem de 340 a 350 votos sobre sua liderança, Nogueira ainda disse considerar que Lira “está correto” e que entende o movimento do companheiro de partido como tentativa de tirar de si o peso de aprovar pautas, com seu capital político e influência, que a Câmara não quer aprovar.
“Acho que ele está correto, que ele tem que voltar a ter um papel de isenção, de independência, que acho que é melhor para a Câmara”.
Fufuca: ministro dos PP no governo Lula
Após a entrada do deputado André Fufuca (PP-MA) no governo Lula como ministro dos Esportes, a legenda promoveu um evento na terça-feira (19) para discutir as posições políticas da sigla.
“Eu garanto que o PP não está no governo”, disse Nogueira. “Nós temos que respeitar a decisão de um deputado que resolveu assumir um ministério, um deputado que eu quero muito bem e é muito respeitado dentro da nossa legenda, mas foi uma decisão pessoal”.
No evento do partido, foram aprovadas por unanimidade 11 cláusulas que devem ser respeitadas pelos filiados em quaisquer circunstâncias, mesmo com a entrada de Fufuca no governo. “Não adianta ter cargos ou emendas, nós não iremos votar [favoravelmente a] determinadas matérias que não têm sinergia com as nossas bandeiras”.
Nogueira elencou pautas pelas quais o PP será oposição: retorno do imposto sindical; descriminalização de drogas; aborto; aumento de carga tributária.
Indicações de Arthur Lira
Fufuca foi indicado ao Ministério dos Esportes por Lira, que também tenta colocar o PP na presidência da Caixa Econômica Federal.
Questionado sobre isso, Nogueira disse ser contra indicações de partidos para o comando de estatais e que não participou de reuniões para chegar às indicações.
“O papel do presidente Arthur Lira transcende as fronteiras do Progressistas, ele não é presidente da Câmara do Progressistas. Então, é ele que tem que responder por essas indicações”, declarou.