Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Quem é Eurípedes Jr, político do Solidariedade que se entregou à PF após três dias foragido

    Alvo de investigações, presidente licenciado da sigla também liderou o Pros, onde ficou marcado por disputas na Justiça

    Lucas SchroederPedro Venceslauda CNN São Paulo

    O presidente licenciado do Solidariedade, Eurípedes Júnior, foi preso neste sábado (15) pela Polícia Federal (PF) por suspeita de desvio de R$ 36 milhões do fundo eleitoral.

    Eurípedes foi alvo de uma operação da PF na última quarta-feira (12), mas não foi encontrado na ocasião. Ele ficou três dias foragido até se entregar à polícia neste sábado. No mesmo dia, o Solidariedade informou que Eurípedes havia se licenciado do cargo de presidente na sexta-feira (14).

    Dos sete mandados de prisão preventiva expedidos, apenas o de Eurípedes — que também foi dirigente do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), sigla que se fundiu ao Solidariedade em 2023 — não foi cumprido no dia da operação.

    Como parte da operação de quarta, a PF apreendeu um helicóptero que era usado por Eurípedes. A aeronave foi comprada em 2015 por R$ 2,5 milhões e, atualmente, vale R$ 5 milhões. A PF aponta que ela foi comprada com dinheiro desviado.

    As fraudes, segundo a PF, aconteceram de 2019 até o ano passado.

     

    Quem é Eurípedes Júnior

    Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, de 49 anos, começou a carreira como vereador por Planaltina de Goiás (GO), em 2008, eleito pelo antigo PSL.

    Em 2013, o político fundou o Pros. O partido sempre teve DNA governista e viés petista: apoiou candidaturas petistas em 2014, 2018 e 2022, mas votou majoritariamente com os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro.

    Já no Pros, Eurípedes candidatou-se a deputado federal por Goiás em 2014, sem obter sucesso na empreitada. Nas eleições de 2018, concorreu como 1º suplente do candidato a senador Walisson Nascimento, do PTB, que não se elegeu na ocasião.

    Disputa pelo comando do Pros e brigas na Justiça

    A gestão de Eurípedes à frente do Pros foi marcada por disputas de poder e contestações na Justiça, principalmente envolvendo o político e o ex-dirigente Marcus Holanda.

    Durante o período que disputaram o comando do partido, Holanda registrou um boletim de ocorrência no qual acusou seu antecessor pelo sumiço de bens da legenda avaliados em R$ 50 milhões, entre eles o helicóptero apreendido hoje.

    Em 2020, um grupo ligado a Holanda conseguiu afastar Eurípedes do comando do partido, com a eleição de um novo diretório nacional. Marcus Holanda se tornou o novo presidente.

    Em meio a diferentes ações na Justiça do Distrito Federal, Eurípedes retomou o controle da legenda, que retornaria às mãos de Marcus Holanda em março de 2022, por meio de uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

    Holanda, naquele mesmo ano, lançou a pré-candidatura do influenciador Pablo Marçal, hoje no PRTB, enquanto a disputa com Eurípedes continuou na Justiça.

    Apoio a Lula e fusão com o Solidariedade

    Dois meses antes da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu manter a presidência do Pros com Eurípedes — que, então, retirou a candidatura de Marçal e fechou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito contra Jair Bolsonaro (PL).

    Em 2023, Eurípedes articulou a fusão com o Solidariedade, que contava com quatro deputados federais — o Pros, com três.

    Ambos os partidos não conseguiram atingir a cláusula de barreira em 2022, e por isso ficaram sem acesso ao fundo partidário e sem o direito de veicular propaganda gratuita em rádio e TV durante as campanhas eleitorais.

    Político é alvo de operação

    Eurípedes, que se tornou presidente do Solidariedade, foi o principal alvo da operação da PF no dia 12 de junho.

    Além de determinar a apreensão do helicóptero, a Justiça do Distrito Federal deferiu também o bloqueio de 32 imóveis que estão registrados em nome de dez pessoas — físicas e jurídicas. Os imóveis estão avaliados em R$ 5 milhões.

    O Judiciário determinou ainda o bloqueio de bens de nove carros e R$ 36 milhões das contas dos investigados.

    A investigação aponta que Eurípedes Júnior, enquanto era presidente do Pros, usava o helicóptero para se deslocar de Planaltina (GO) para a sede da legenda, em Brasília.

    Segundo a PF, o piloto registrado para o helicóptero também figura como funcionário do partido Solidariedade. Ele também foi alvo de mandado de busca e apreensão pela PF.

    Outro lado

    Em nota, a defesa de Eurípedes disse que o político “após ter se licenciado do exercício das suas funções de dirigente partidário” se apresentou de forma voluntária “à Polícia Federal do Distrito Federal, para permitir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em seu desfavor”.

    “Os advogados que integram a sua defesa afirmam que o Sr. Eurípedes Gomes de Macedo Júnior demonstrará perante a Justiça não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva”, acrescenta a nota.

    O Solidariedade, por sua vez, disse que o deputado federal Paulinho da Força (SP) assume a presidência nacional do partido.

    *Com informações de Elijonas Maia e Basília Rodrigues, da CNN, em Brasília

    Tópicos