“Queima controlada” para pasto ou cultivos no Pantanal será tratada como crime até o fim do ano
Grupo de combate à crise deve se reunir novamente esta semana; comitiva chega a Corumbá na sexta-feira
A prática de “queimas controladas” para manejo, seja para pasto ou para qualquer cultivo, em áreas da Amazônia, Cerrado e Pantanal está proibida e será criminalizada, ao menos até os últimos meses do ano.
A afirmação foi feita nesta segunda-feira (24) pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, após a segunda reunião da sala de situação instalada pelo governo para tratar dos danos causados pela seca na Amazônia e pelas queimadas no Pantanal.
Para Amazônia e Cerrado, a restrição está válida até 30 de novembro. No caso do Pantanal, a data é 31 de dezembro.
Crise no bioma
De acordo com a ministra, o combate aos incêndios provocados será um dos principais focos de enfrentamento à seca no Pantanal – a mais grave em 70 anos.
Marina Silva ainda apontou os fatores responsáveis pela crise no bioma: além dos incêndios criminosos, a mudança climática e o agravamento do efeito prolongado dos fenômenos El Niño e La Niña. Ela mencionou também a influência do desmatamento: “os municípios que mais desmatam são também os mais atingidos pelos incêndios”, disse.
A sala de situação deve se reunir pela terceira vez esta semana, para avançar nas decisões práticas envolvendo vários ministérios: Meio Ambiente, Integração e Desenvolvimento Regional, Transportes, Planejamento e Orçamento, Justiça e Segurança Pública, Defesa e Comunicação Social.
Ida ao Pantanal
As ministras Marina Silva, do Meio Ambiente, e Simone Tebet, do Planejamento, vão liderar a comitiva que chega a Corumbá, em Mato Grosso do Sul, na próxima sexta-feira (28).
Corumbá está em uma das regiões que mais sofre com os incêndios. É um importante ponto logístico para as operações de enfrentamento às queimadas, recebendo equipamentos e equipes que atuam diretamente nos focos de incêndio.
O objetivo das ministras é entrar em contato com a realidade local e fazer reuniões com autoridades e representantes da sociedade.
Além da batalha contra as queimadas, o governo decidiu liberar um aporte imediato de mais de R$ 100 milhões para recompor cortes feitos pelo Congresso Nacional — que representaram 15% dos recursos previstos para a área ambiental.
Uma das preocupações é como salvar e acomodar animais selvagens. Em 2020, segundo informou o secretário de Controle de Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, à CNN, foram incinerados 17 milhões de vertebrados no Pantanal por causa das queimadas.
Dados
Análise da ONG WWF-Brasil, segundo dados disponíveis do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que o Pantanal registrou 880 focos de queimadas em 2024, crescimento de quase 900% em comparação ao mesmo período do ano passado.
As chuvas também estão abaixo das médias históricas, o que afeta diretamente o ecossistema, possibilitando mais incêndios.
Já no bioma da Amazônia, dados do final do mês de maio dão conta de que a floresta enfrenta uma das maiores queimadas já registradas nos primeiros quatro meses do ano.
Mais de 12 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica brasileira foram queimados entre janeiro e abril, o maior número em mais de duas décadas de dados compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).