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    PSOL pede cassação do deputado Bibo Nunes por declarações contra universitários

    Parlamentar do PL afirmou que alunos de universidades federais contrários ao presidente Jair Bolsonaro merecem morrer queimados

    Deputado federal Bibo Nunes, do PL
    Deputado federal Bibo Nunes, do PL Luis Macedo/Câmara dos Deputados

    Luciana Amaralda CNN

    em Brasília

    O PSOL apresentou, nesta sexta-feira (21), pedido de cassação do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) por suas declarações contra estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que realizaram manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a favor de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República.

    A representação por quebra de decoro parlamentar foi protocolada na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados na noite desta sexta, segundo a assessoria do PSOL.

    O documento pede ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que seja instaurado processo disciplinar no Conselho de Ética da Casa e que Bibo Nunes seja punido com a perda do mandato. Ou seja, cassado.

    Em vídeo que foi publicado no Facebook, Nunes caracteriza os estudantes como pessoas que não querem “trabalhar, ir à luta, estudar para vencer na vida” e “sempre dependeram da mesada do papai e da mamãe”. “Vocês são a vergonha, a escória do mundo. Vocês têm que viver no lixo, no esgoto, porque vocês produzem nada”, diz o deputado.

    O parlamentar cita o filme Tropa de Elite e afirma: “Pegaram aqueles coitadinhos, aqueles riquinhos ajudando pobre, se deram mal, queimaram vivos dentro de pneus, queimaram vivos dentro de pneus, e é isso que esses estudantes alienados, filhos de papai que têm grana merecem. Não que eu queira isso, mas merecem, aqueles que estão arriscando acabar com nosso Brasil.”

    No pedido de cassação, o PSOL afirma que, “esta fala, em particular, tem gravidade ainda maior em razão do trauma coletivo que ainda marca a história da cidade de Santa Maria e, especialmente, da UFSM, decorrente do incêndio ocorrido na boate Kiss, localizada naquela cidade, e que é considerada a segunda maior tragédia no país em número de vítimas em um incêndio”.

    Em 2013, um incêndio de grandes proporções na boate Kiss, em Santa Maria, matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos, durante festa universitária.

    “No caso em tela, fica evidente que a manifestação do representado não tem conteúdo de livre manifestação do pensamento político; não tem como objetivo apenas estabelecer uma crítica em razão da divergência política; e não é essencial para sua atividade parlamentar”, afirma o documento do PSOL.

    “Ao contrário: até pela quantidade de adjetivos caluniosos e difamatórios proferidos pelo Representado em face dos estudantes daquela universidade que, constitucional e pacificamente manifestaram-se nas ruas de Santa Maria, fica evidente o seu intuito meramente difamatório contra aquela coletividade e de vilipêndio contra a memória das famílias que perderam filhos e filhas na tragédia da Boate Kiss”, continua.

    Deputado diz ter fala deturpada

    Após a repercussão do caso pela imprensa, Bibo Nunes fez outra publicação em que afirma que teve sua fala deturpada.

    “Quem me conhece sabe que jamais falaria esses absurdos, generalizando contra os estudantes. Falei do filme Tropa de elite e misturaram tudo”, diz o parlamentar na publicação.

    Universidades repudiam declarações de Bibo Nunes

    Em nota, a UFPel disse que o vídeo de Bibo Nunes “não seria digno sequer de comentários, não fosse este produzido por um integrante do Parlamento brasileiro”.

    “No vídeo, evidencia-se uma pessoa rancorosa, desequilibrada, desconhecedora do que é uma universidade pública e, sobretudo, desprovida de mínimo respeito com a população de Santa Maria. Afora a série de despropositadas agressões verbais dirigidas aos estudantes da UFSM e da UFPel, desejar que estudantes morram queimados é algo torpe e vil. Tivesse o parlamentar a mínima sensibilidade, recordaria da trágica passagem que até hoje marca o povo santamariense e a comunidade acadêmica da UFSM”, diz trecho.

    A Universidade Federal de Santa Maria informou, também em nota, que “repudia todo e qualquer discurso de ódio, de falta de civilidade, que não tolere as diferentes opiniões ideológicas e políticas e que incentive agressões à comunidade acadêmica ou a quem quer que seja”.

    “Nossos estudantes são nosso maior patrimônio e é através deles e do conhecimento gerado nas universidades que transformamos a sociedade. Toda vez que um estudante ou um servidor público da área da educação for atacado e/ou desqualificado, nos ergueremos em defesa da nossa comunidade e da nossa instituição, que é de Estado e não de um governo”, diz em trecho.

    Também nesta sexta, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e outros políticos do PSOL no Rio Grande do Sul articularam representação na Promotoria de Justiça Regional de Santa Maria, segundo a assessoria do partido.

    O grupo pede que o Ministério Público promova uma ação civil pública, “com o objetivo de fazer com que o representado seja condenado ao pagamento de indenização por dano moral”. Pede ainda que ele seja “impelido a promover, pelos mesmos meios, um pedido de desculpas a todas as coletividades ofendidas, nominalmente”.