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    PRF apura possível omissão de ex-corregedor em episódio que indica uso da corporação em campanha de Bolsonaro

    Em evento oficial, Wendel Benevides Matos presenciou o então diretor da PRF, Silvinei Vasques, presentear ex-ministro com camisa com número de Bolsonaro

    Elijonas Maiada CNN , em Brasília

    A postura do ex-corregedor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Wendel Benevides Matos, em relação a um episódio que indica uso indevido da polícia em campanha eleitoral está sendo investigada internamente pela corporação.

    Em evento oficial, em 2022, Matos presenciou o então diretor da PRF, Silvinei Vasques, presentear o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, com uma camisa. Além do nome de Torres, a blusa do Flamengo tinha na estampa o número 22, da campanha de Bolsonaro.

    A CNN teve acesso às imagens registradas durante cerimônia da Semana Nacional de Trânsito 2022, em 26 de setembro do ano passado. Matos participou de uma mesa de autoridades e estava presente quando o item foi entregue, no encerramento do evento. É possível ver quando Vasques retira a roupa de um envelope e a entrega a Anderson Torres. Na sequência, ambos posam para fotos.

    Apesar de estar presente no ato, o corregedor não abriu investigação preliminar sobre possível uso da PRF na campanha eleitoral, o que é vedado por se tratar de instituição de Estado.

    Segundo fontes da PRF relataram à CNN, o procedimento correto seria abrir uma investigação preliminar sumária (IPS), que poderia levar a um possível Processo Administrativo (PAD) – para determinar julgamento ou não.

    A época, a IPS não foi aberta e a apuração do caso não teve andamento. Com a troca da direção na PRF, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a investigação do episódio voltou à tona e a IPS foi aberta em 27 de janeiro, quatro meses depois. Benevides Matos foi exonerado do cargo na semana passada.

    Corregedor não abriu investigação preliminar sobre possível uso da PRF na campanha eleitoral / Divulgação

    Proibição

    De acordo com a especialista em direito eleitoral Samara Ohanne, é vedado ao servidor público se engajar em horário de trabalho em atividades de campanha eleitoral (art 73, inc.I e III da lei 9.504/97.)

    “Lembrando que o ato ocorreu em ambiente institucional e com a vestimenta (uniforme) oficial, caracterizando também o crime de uso de símbolo por órgão de governo na propaganda eleitoral. (art 40 da lei 9.504/97). Ainda que numa tentativa de propaganda subliminar, a entrega da camisa com número 22 nas condições apresentadas, feriu o princípio da paridade das armas entre os candidatos”, explicou à especialista à CNN.

    Segundo a advogada, “o corregedor, no mínimo, cometeu crime de prevaricação, em tamanha demora para instaurar o procedimento em que o mesmo estava presente”.

    Aposentadoria

    A PRF está debruçada em investigações da Corregedoria do ano passado e revendo todos os casos. Uma situação que está sendo reavaliada, inclusive, é do processo de aposentadoria de Silvinei Vasques.

    A Controladoria-Geral da União (CGU) também está analisando os processos.

    Outro lado

    A CNN procurou Vasques, que não retornou aos pedidos. Wendel Benevides Matos, por meio da defesa, disse “nada a declarar”.

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