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    Pressionada, Tereza Cristina pede socorro a Paulo Guedes

    Ministra tentar antecipar o Plano Safra deste ano e ampliar os recursos para o seu setor

    A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em seminário Internacional de Seguro Rural em Brasília (23.abr.2019)
    A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em seminário Internacional de Seguro Rural em Brasília (23.abr.2019) Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Caio Junqueirada CNN

    Pressionada por diversas frentes que agem nos bastidores contra ela, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, recorreu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar antecipar o Plano Safra (plano anual de financiamento do setor) deste ano e ampliar os recursos para o seu setor.

    Ela aguarda uma resposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que possa passar de R$ 1 bilhão para R$ 2 bilhões os recursos para o seguro rural, além de ampliar de R$ 10 bilhões para R$ 15 bilhões o montante de subvenção, valor que o governo oferece de garantia para que os bancos possam emprestar aos produtores rurais em melhores condições de financiamento. A equipe econômica ainda não deu resposta sobre sua demanda, apresentada na semana retrasada. 

    A ampliação dos recursos e sua liberação antecipada (o Plano Safra tradicionalmente é lançado em junho) é a principal aposta da ministra para conseguir frear os ataques que partem contra ela de diversas frentes. 

    Uma delas do próprio agronegócio, que defende maior empenho para cobrar do presidente Jair Bolsonaro a concretização de promessas de campanha de 2018, em especial o perdão de dívidas do Funrural, tributo que muitos produtores deixaram de pagar aguardando uma decisão do Supremo Tribunal Federal que veio e acabou obrigando-os a pagar. O passivo, segundo cálculos, passa de R$ 10 bilhões. 

    O movimento, ainda minoritário no setor, tem crescido. “O produtor rural foi o primeiro a apoiar Bolsonaro na campanha. Ele prometeu acabar com o passivo do Funrural e com o endividamento. Passou um tempo e isso não aconteceu. E o produtor hoje sente um certo abandono e acaba cobrando da ministra”, disse à CNN o deputado federal Jeronimo Goergen, do Progressistas do Rio Grande do Sul e um críticos da postura do governo em relação ao agronegócio. Para ele, “a base produtiva rural está muito ressentida e cobrando medidas”.

    Em outra frente, Tereza vem enfrentando ataques de redes alinhadas a Bolsonaro, que a criticam por seu alinhamento a China, o principal parceiro do agronegócio brasileiro. Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Agricultura lhe foi entregue na semana passada fazendo a correlação entre os ataques e apoiadores do presidente.

    Além disso, ela integra o DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que está em confronto aberto contra Bolsonaro. Tereza Cristina e Maia se dão bem e têm conversado nos bastidores sobre a crise. O presidente da Câmara tem-lhe demonstrado solidariedade, em especial porque ele mesmo também é um dos principais alvos das redes bolsonaristas. Ela já levou ao próprio presidente um pedido para que os ataques diminuam. Tereza também tem tentado intermediar um diálogo entre Maia e Bolsonaro, mas o presidente vetou qualquer entendimento no curto prazo, conforme revelou a CNN na noite desta terça-feira.

    Para piorar, internamente a ministra continua a enfrentar fogo amigo. Aliados da ministra identificaram operação nos bastidores do Secretário de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, contra ela. Nabhan tem sido presença constante no Palácio do Planalto e tem a simpatia dos filhos do presidente. Outras áreas dentro do ministério têm atuação independente do seu comando. Um exemplo é a Secretaria da Pesca, de Jorge Seif, considerado os olhos de Bolsonaro dentro do órgão pela sua amizade próxima com o presidente. Outro é o seu próprio secretário-executivo, Marcos Montes, filiado ao PSD. 

    Diante do cenário, a família da ministra tem pedido a ela para deixar a pasta, em especial se os ataques nas redes contra ela continuarem. Ela ainda pretende permanecer no cargo, mas garantiu a aliados não saber se fica até o final do mandato. A despeito das dificuldades, a Frente Parlamentar da Agricultura, uma das mais influentes em Brasília e presidida pelo deputado federal Alceu Moreira, do MDB do Rio Grande do Sul, mantém apoio incondicional a ela. “É uma excelente ministra”, disse à CNN Moreira.