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    Presidente da CPI se diz preocupado com ‘ataques à China’ por parte do governo

    Para Omar Aziz, críticas contínuas por integrantes do governo, inclusive do presidente Jair Bolsonaro, podem afetar a vacinação no Brasil

    Gregory Prudenciano, da CNN, em São Paulo

    O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) demonstrou preocupação com falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de outros integrantes do governo federal que podem complicar a relação entre o Brasil e a China, nosso maior parceiro comercial. 

    “Hoje foi ruim, viu, e chama de guerra química e tal. E a gente está dependendo, a gente está na mão dos chineses para trazer o IFA [insumo farmacêutico ativo], nós não temos produção de IFA aqui e não vamos ter tão cedo”, disse Aziz, ainda durante a sessão da CPI desta quarta-feira (5).

    Em discurso proferido nesta quarta-feira, em Brasília, o presidente Bolsonaro falou que está em andamento uma “guerra química, bacteriológica e radiológica” e levantou suspeita de que o coronavírus causador da Covid-19 tenha sido produzido em laboratório. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já afirmou ser “muito provável” que o vírus, na verdade, tenha origem animal. 

    “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?“, disse Bolsonaro, que completou: “Qual o país que mais cresceu seu PIB [Produto Interno Bruto]? Não vou dizer para vocês”. 

    Em 2020, o PIB da China apresentou expansão de 2,3%, enquanto a maior parte das grandes economias do planeta registrou retração. Para efeito de comparação, o PIB do Brasil encolheu 4,1%, o dos Estados Unidos caiu 3,5% e o da Alemanha ficou 5% menor do que no ano anterior. No entanto, o impacto da pandemia na economia chinesa aconteceu antes do resto do mundo, já que o novo coronavírus foi primeiro encontrado no país asiático. 

    Em entrevista coletiva posterior à sessão da CPI desta quarta, Omar Aziz disse que, além de eventuais problemas na obtenção de insumos necessários para a fabricação de vacinas contra a Covid-19, a fala de Bolsonaro pode trazer prejuízos comerciais. “Quando você fecha parcerias comerciais, quando elas param de existir, para retomar demora anos”, disse. 

    “E o que estamos vendo, e preocupados, é que esses ataques permanentes à China… não é só o vírus que vai matar brasileiros, também poderá ter problemas econômicos. Somos superavitários com a China“, completou o senador, em referência ao superávit comercial do Brasil em relação ao país asiático. 

    Omar Aziz, na época como governador do Amazonas
    O senador Omar Aziz (PSD-AM) é presidente da CPI da Pandemia
    Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

    Aziz ressaltou que tanto o Instituto Butantan quanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demandam IFA da China para fabricar as vacinas atualmente em uso no Brasil, e afirmou que representantes das duas instituições serão ouvidos na CPI da Pandemia

    Anteriormente, falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, do ex-ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub e até do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, geraram reação dos representantes do governo chinês. 

    A CNN procurou a Embaixada da China do Brasil, mas ainda não houve resposta. O Ministério da Economia afirmou que não vai comentar as falas do presidente Jair Bolsonaro. 

    *Com informações da Reuters