Pré-candidatos a presidente falam sobre geração de emprego para jovens com baixa escolaridade
Segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, a taxa de desemprego de longo prazo se caracteriza pelo predomínio de pessoas de 17 a 29 anos
Os dados de março do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontaram que havia cerca de 12,1 milhões de cidadãos sem emprego no país. O combate à taxa de desocupação é uma das principais questões a serem enfrentadas pelo presidente que será eleito em outubro de 2022.
De acordo com números da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, a taxa de desemprego de longo prazo no país “se caracteriza pelo predomínio de pessoas jovens, com idade entre 17 e 29 anos”. Nesta faixa etária, 80% possuem apenas o ensino médio completo.
A CNN perguntou aos pré-candidatos: como gerar empregos para os jovens com baixa escolaridade?
Veja abaixo o que eles responderam até agora:
Lula (PT):
A assessoria do ex-presidente disse que o plano de governo será elaborado com a sociedade e os partidos aliados e entregue na data prevista pelo TSE.
Jair Bolsonaro (PL):
O presidente não respondeu até o momento da publicação.
Ciro Gomes (PDT):
O Brasil precisa de um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que compreenda a importância da educação e invista em todos os seus níveis. O Ceará hoje conta com quase 60% de suas matrículas do ensino médio com cursos profissionalizantes em tempo integral. Os alunos já saem da escola com estágio remunerado pago pelo governo em empresas de sua própria região. A grande maioria é contratada pelas empresas após o período de experiência. Isso é possível levar para todo Brasil.
Para além disso, é fundamental reativar as mais de 14 mil obras paradas no Brasil. Elas geram emprego rapidamente e principalmente em funções que não exigem alta escolaridade.
No entanto, é fundamental expandir também o ensino superior no Brasil e garantir acesso para a maioria de nossos jovens.
João Doria (PSDB):
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que o desemprego mais elevado entre jovens é um fenômeno mundial. Pelas características dessa mão de obra, o grupo é mais sensível ao ambiente macroeconômico instável – em quadros recessivos, empresas demitem primeiro os mais jovens e interrompem contratações.
O Brasil está no grupo de países com taxas mais elevadas de desemprego de jovens, o que está associado ao baixo crescimento da economia e, também, à deficiente qualificação da mão de obra, prejudicando a produtividade do trabalho e, assim, a empregabilidade. Pesquisas mostram que períodos prolongados de desemprego entre jovens têm repercussões para a vida toda desses indivíduos, em termos de empregabilidade e renda. Há também consequências perversas sobre a criminalidade.
Esse quadro justifica a ação governamental por meio de políticas ativas de emprego para jovens carentes e de baixa renda para atenuar o sofrimento das gerações atuais, especialmente depois de duas recessões severas e em meio a avanços tecnológicos que comprometem ainda mais a empregabilidade dos jovens de renda baixa. A experiência mundial recomenda políticas ativas de treinamento – políticas para reduzir a remuneração ou carga tributária não se mostram efetivas isoladamente – levando em consideração a heterogeneidade do grupo, o que demanda ações específicas para os diferentes perfis de jovens.
A experiência mundial também revela a importância de envolvimento de organizações de trabalhadores e empregadores no desenho e implementação de políticas focalizadas para permitir sua efetividade, que, grosso modo, tendem a ser pouco efetivas.
Importante pontuar que o treinamento sozinho não gera vagas de emprego, sendo necessário avançar com reformas pró-crescimento. Além disso, a qualidade da educação básica e a expansão de escolas técnicas são pré-condição para a efetiva inclusão de jovens.
As propostas consistem em:
- subsídio parcial para qualificação profissional de recém-contratados (on the job training), com participação de organizações de trabalhadores para a efetividade do programa (qualidade do treinamento);
- financiamento público de cursos técnicos e vocacionais oferecidos pelo setor privado para indivíduos fora do ensino médio (modelo Fies), com avaliação dos cursos oferecidos e participação de organizações de empregadores para adequação dos cursos às demandas de mercado;
- políticas para acesso ao crédito para jovens de perfil empreendedor;
- programa temporário de experiência no trabalho no setor público e privado (modelo de jovem aprendiz), incorporando assistência e aconselhamento aos mais vulneráveis.
Para implementação dos programas, serão buscadas fontes de financiamento parcial junto a organismos internacionais.
As políticas serão monitoradas e avaliadas sistematicamente para ajustes necessários e decisões de renovação/interrupção. Para tanto é necessário estabelecer metas, adotar de indicadores a serem observados e definir grupo de controle.
André Janones (Avante):
O ideal não é discutir subemprego para quem não tem qualificação. É gerar qualificação para dar dignidade ao jovem. E não é aquela que só o mercado precisa. Falta a que aproveita a vocação que a geração de hoje esbanja e mais ainda as que estão chegando. Isso limita a possibilidade de emprego e rouba dignidade dos mais jovens.
O Brasil precisa oferecer formação profissional de acordo com os tempos em que estamos. O jovem brasileiro é criativo e empreendedor. Ficou muito claro com as oportunidades de renda que nosso povo criou durante a pandemia, mas isso ele aprendeu na marra, enquanto outros povos e as classes mais privilegiadas daqui aprendem na escola também.
Não podemos mais tolerar o analfabetismo, que voltou a crescer, ou que 87% dos jovens não falem inglês em um momento de oportunidades globais. A “NASA tem de estudar o brasileiro” não é um meme, é o reconhecimento de nossa capacidade de fazer. Falta ao sistema educacional dar as ferramentas para isso.
Pablo Marçal (Pros):
O maior problema do desemprego não é a falta de postos de trabalho, é a falta de qualificação da população e isso é um reflexo da falência da educação no Brasil. Para gerar empregos às pessoas com baixa escolaridade já vimos governos utilizarem frentes de trabalho, remunerando com verba pública postos de trabalho criados para isso, até programas de governo do tipo primeiro emprego e jovem aprendiz. Todos eles falham ao não atacar o problema do sistema educacional que prepara as pessoas para o vestibular e não para a vida profissional e empresarial. Os jovens de baixa renda não se interessam por vestibular porque não conseguem competir com os filhos dos ricos nas universidades públicas, nem tem recursos para bancar uma universidade particular. Essa falta de esperança no futuro gera a evasão escolar e perdemos a oportunidade de qualificar os jovens para produzir na faixa etária de maior energia e vigor.
Simone Tebet (MDB):
É inegável que gerar empregos é uma ação urgente no Brasil. E sabemos que quando a crise bate na porta ela é mais cruel com os menos qualificados. Ampliar os postos de trabalho é crucial, mas para isso o Brasil precisa de um bom ambiente de negócios para dar segurança jurídica e institucional, com regras claras, para empreendedores, empresários e investidores.
Neste cenário conturbado que vivemos, os jovens são os mais afetados, pois não precisam só de emprego, mas de qualificação na busca de uma melhor colocação no mercado de trabalho. A baixa escolaridade gera emprego de baixa qualidade. Não é isso o que quero. Não é isso o que o Brasil quer e precisa. Assim, educação e qualificação são palavras-chave desde já para o país.
Por isso, precisamos com urgência de um ensino técnico vocacionado, voltado para as aptidões dos nossos jovens. É necessário ainda avançar com a reformulação do Ensino Médio, para que possamos abrir as portas para o ingresso dos jovens nas universidades, com as mesmas oportunidades para todos. Com educação, tecnologia e inovação os jovens do Brasil poderão olhar para o futuro. É isso, é essa visão de um país com oportunidades iguais e forte tanto na educação como na qualificação das pessoas, que dá sentido à minha pré-candidatura à Presidência da República
Felipe d’Avila (Novo):
Primeiro temos que atacar a raiz do problema, que é a baixa escolaridade. E, no caso desses jovens, o incentivo ao ensino técnico e profissionalizante é fundamental. Isso deve ser feito de forma descentralizada, com cada região de cada estado oferecendo cursos técnicos voltados às suas vocações produtivas, seja no agro, no setor metalmecânico, turismo etc.
Sobre o desemprego que esses jovens enfrentam hoje, é preciso fazer a economia voltar a crescer, para gerar mais oportunidades, e é preciso modernizar a legislação trabalhista. Nossas leis trabalhistas dificultam o emprego formal criando muitos encargos e dificuldades para quem quer contratar. E quem mais sofre com essas barreiras são os trabalhadores com menos experiência e qualificação – esses jovens de 18 a 29 anos com baixa escolaridade. Acabar com o monopólio da CLT nas leis trabalhistas vai abrir as portas para muitos jovens que ainda não tiveram uma oportunidade.
José Maria Eymael (DC):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Leonardo Pericles (UP):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Luciano Bivar (União Brasil):
Nosso plano de governo inclui amplo incentivo ao primeiro emprego de jovens, começando pela isenção de tributos no primeiro ano para empresas que contratarem jovens sem experiência.
Por meio da implementação do Imposto Único Federal (IUF), será possível desonerar a folha de pagamentos e destravar a economia. Além disso, considero essencial investir nos ensinos técnico e profissionalizante.
Sofia Manzano (PCB):
A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.
Vera Lúcia (PSTU):
A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.