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    Eleições 2022

    Pré-candidatos a presidente falam sobre a relação do Brasil com os Estados Unidos

    Governo brasileiro participou da Cúpula das Américas, organizada pelos EUA em Los Angeles

    Gabriela GhiraldelliSalma Freuada CNN

    em São Paulo

    O governo brasileiro participou na semana passada da nona edição da Cúpula das Américas, organizada pelos Estados Unidos na cidade de Los Angeles. Foi a segunda vez que os Estados Unidos são a sede do encontro desde 1994, quando aconteceu a primeira edição.

    Na quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma reunião bilateral com o presidente norte-americano, Joe Biden. A Amazônia e as eleições no Brasil foram temas do encontro.

    CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre a relação do Brasil com os Estados Unidos. Confira abaixo as respostas:

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
    O pré-candidato foi procurado e disse que não irá comentar.

    Jair Bolsonaro (PL):
    O presidente afirmou à CNN que deseja uma reaproximação dos Estados Unidos e que pretende tratar de energia, entre outros temas, na reunião. “Eu espero da reunião uma reaproximação dos Estados Unidos com o Brasil. Que a gente possa se aproximar mais. Nunca tivemos problema com os Estados Unidos. O Brasil está aberto para conversar e ter relação com qualquer país”, declarou.

    “Vamos conversar sobre vários temas, inclusive sobre fontes renováveis, energia de transição, hidrogênio verde. Mas também irei conversar coisa reservada com ele [Joe Biden]”.

    Ciro Gomes (PDT):
    O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

    André Janones (Avante):
    O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

    Simone Tebet (MDB):
    A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.

    Pablo Marçal (Pros):
    A relação entre o Brasil e os Estados Unidos é muito antiga. O primeiro acordo celebrado remonta a 1824. Nesse acordo os Estados Unidos reconheceram o Brasil como nação independente e soberana. São quase 200 anos de relação bilateral que resistiu a diferentes conjunturas políticas ao longo desses dois séculos pela importância desses dois mercados. Estamos falando da maior economia do mundo na atualidade e do Brasil que, como eu tenho dito, vai estar na posição de maior economia do mundo em 2032.

    Os EUA têm interesse nessa relação que resiste à alternância de poder e viés ideológico porque nos vê como a potência que realmente somos. O problema é que a mentalidade do brasileiro é escravizada por quem tem interesse nessa polarização que vemos todos os dias. É por isso que os candidatos que estão à frente nas pesquisas estão prometendo fazer o Brasil voltar ao ranking de sexta maior economia ao invés de colocá-la no lugar de potência que é. A verdade é que eles dois, no poder há cinco mandatos, se somarmos ao do atual governo, só podem prometer mais do mesmo porque são os causadores da deterioração da nossa economia.

    O que vamos fazer é fortalecer nossa indústria, transformar a mentalidade dos brasileiros e mudar a chave para produzir. Isso impacta fortemente as exportações porque boa parte da matéria prima ainda sai do Brasil na forma de escambo, voltando nas importações de produtos acabados com alto valor agregado. Nós vamos mudar isso, e o Brasil vai negociar com todos esses players na condição da grande potência que é. “Deus abençoe a américa porque o Brasil já foi abençoado desde antes da fundação do mundo”, essa é a nossa visão.

    Felipe d’Avila (Novo):
    Os governos petistas e o governo Bolsonaro partilham da mesma incompreensão sobre a importância da política externa no mundo globalizado. Em particular, foram igualmente negligentes na relação com os EUA. Por diferentes caminhos, ambos levaram o Brasil a rechaçar tratados internacionais e acordos comerciais que poderiam contribuir para a produção de bens de maior valor agregado e que poderiam ampliar a cooperação em temas estratégicos para o nosso país como o meio ambiente e ciência e tecnologia.

    A relação entre os dois países tem uma longa tradição de diálogo e respeito mútuo. Precisamos resgatar o caráter de Estado de nossa política externa e frear as pautas ideológicas cultivadas pelos populistas de esquerda e de direita.

    A parceria com os EUA é estratégica e deve ser baseada sempre na defesa dos interesses nacionais brasileiros. Precisamos recuperar uma agenda positiva que leve a uma maior abertura econômica do Brasil e à promoção de pautas de interesse comum como o combate ao crime organizado transnacional na Região das Américas, a preservação ambiental e a criação de novas oportunidades de negócios na economia verde.

    No plano regional, Brasil e EUA podem e devem resgatar a agenda que desenvolveram em conjunto desde a redemocratização do Brasil, promovendo a defesa dos direitos humanos e a democracia como valores fundamentais que norteiam a integração entre os países das Américas.

    José Maria Eymael (DC):
    Eu considero fundamental um relacionamento próximo e respeitoso de parte a parte com os Estados Unidos.

    Nesse relacionamento o Brasil tem que ter consciência da sua força por sua extensão territorial, pelas riquezas do seu subsolo, por sua história e pela capacidade criativa e empreendedora de sua gente.

    Efetivamente, essa consciência que o Brasil, juntamente com os Estados Unidos e o Canadá, é um dos maiores países da América em território e população deve ser, precisa ser, uma forte motivação para uma próxima produtiva e permanente parceria entre Brasil e Estados Unidos.

    Leonardo Pericles (UP):
    O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

    Luciano Bivar (União Brasil):
    Infelizmente a relação entre Brasil e Estados Unidos não está boa por causa da postura do nosso governo. Acredito que o Brasil foi convidado apenas pela posição estratégica na América Latina num momento de risco de guerra global. Além disso, os Estados Unidos têm demonstrado preocupação com as ameaças às instituições democráticas em nosso país.

    Sofia Manzano (PCB):
    Ao longo do século 20 a relação política e econômica do Brasil com os EUA foi marcada por uma subserviência que se acertou no período da Ditadura Militar e nos anos 90 quando os EUA tentaram emplacar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Nos últimos anos a economia estadunidense perdeu espaço nas relações comerciais não apenas no Brasil, mas também em outros países da América Latina e agora o governo Biden vem tentando recuperar esse terreno perdido e uma maior influência sobretudo na América do Sul tendo em vista o crescimento da presença de Governos que se propõe a dialogar mais ainda com a China e Rússia.

    O governo Bolsonaro foi um apoiador declarado de Donald Trump e foi o último a reconhecer a vitória eleitoral de Biden, além de ter se posicionado inicialmente simpático ao governo da Rússia pouco antes da Guerra na Ucrânia. Ou seja, esse encontro que irá ocorrer entre Biden e Bolsonaro deve buscar uma reaproximação entre os dois governos no sentido de possibilitar uma menor inserção chinesa e até mesmo da Rússia na região, mas certamente o governo Bolsonaro irá cobrar vantagens comerciais para esse intento estadunidense. De modo geral, mesmo que Bolsonaro não se identifique com o atual governo dos EUA, o fato é que as Forças Armadas ainda seguem a cartilha da Escola das Américas e grande parte da base bolsonarista ainda pensa em termos de “Guerra Fria”, justificando ideologicamente toda e qualquer subserviência política na prática.

    Vera Lúcia (PSTU):
    Hoje o Brasil tem uma relação de submissão aos Estados Unidos e aos países ricos que dominam o sistema capitalista mundial. Essa relação está impondo uma decadência cada vez maior, uma recolonização do país. Isso tem que mudar.

    Por determinação dos interesses econômicos imperialistas, o Brasil foi rebaixado a um degrau na divisão mundial de trabalho. Estamos perdendo peso industrial, com uma desindustrialização relativa cada vez mais intensa. A produção industrial no país caiu 43,8% em 40 anos, enquanto crescia 6,6% no mundo. Cada vez mais o país perde setores industriais e desloca a produção de alimentos e minerais para o mercado mundial.

    A burguesia brasileira é completamente associada e submissa às grandes multinacionais. Os grandes fundos financeiros estrangeiros têm um patrimônio no Brasil de 6 trilhões de reais, 80% do PIB do país. Controlam grande parte das grandes indústrias, bancos, agronegócio e comércio.
    Quase metade do orçamento da União é canalizada para fora do país através do “pagamento” da Dívida Pública (interna e externa), mecanismo de controle e submissão utilizado pelos Estados Unidos e os países ricos sobre os países mais pobres.

    Nossa relação com os Estados Unidos não será de submissão. Vamos suspender o pagamento da dívida pública, estatizar as 100 maiores empresas e os maiores bancos, realizar reforma agrária e retomar a industrialização do Brasil. Ou seja, vamos defender a soberania nacional e romper com a submissão histórica ao imperialismo.

    Fotos – Os pré-candidatos à Presidência