Pré-candidatos a presidente falam sobre a ampliação do valor do Auxílio Brasil
Recriação do auxílio emergencial turbinaria o programa até o fim do ano, incluindo o período eleitoral
A CNN antecipou, na última quarta-feira (22), a informação de que o governo federal decidiu recriar o auxílio emergencial, no valor de R$ 200. O objetivo é turbinar temporariamente o programa Auxílio Brasil — que substituiu o Bolsa Família.
Com a medida, as 18,1 milhões de famílias beneficiárias do programa, que atualmente recebem R$ 400 passariam a ganhar R$ 600 até o fim do ano.
A criação do benefício será debatida por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que está em discussão no Congresso. Ela instituiria o estado de emergência no país a fim de garantir que os gastos não sejam questionados com base na lei eleitoral, que impede a criação e a ampliação de programas sociais em ano de eleição.
A CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre a ampliação do valor do Auxílio Brasil
Confira abaixo as respostas:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação. Porém, em entrevista para o portal Correio Braziliense, em julho, Lula afirmou que a manutenção do auxílio é uma das prioridades do PT para 2023 e ainda criticou o presidente, Jair Bolsonaro, por usar o benefício como manobra eleitoral “Eu quero manter. O PT queria que o Auxílio fosse de R$ 600 já em 2020. Bolsonaro que fez uma coisa engraçada: criou uma série de benefícios em período eleitoral que duram até dezembro”.
Jair Bolsonaro (PL):
O presidente não respondeu até o momento da publicação. Na última sexta-feira (24), porém, em discurso em João Pessoa, ele comentou o assunto. “Vivemos momentos difíceis no nosso Brasil e no mundo, uma inflação, um aumento de preço que atinge todo o globo, o mundo todo, mas isso a gente supera. Como a imprensa está anunciando que o Auxílio Brasil vai passar de R$ 400 para R$ 600. É o governo entendendo o sofrimento dos mais humildes e dessa forma buscando atender a todos”, disse.
Ciro Gomes (PDT):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
André Janones (Avante):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Pablo Marçal (Pros):
Os programas sociais são extremamente necessários, principalmente nesse período pós-pandemia, com a pressão inflacionária corroendo o poder de compra das pessoas e o desemprego alcançando níveis alarmantes. Já sabemos que os R$ 400,00 pagos atualmente ajudam as famílias, mas tem efeito muito pequeno sobre a economia, porque a inflação destruiu o poder de compra do brasileiro.
O [aumento de] duzentos reais, se de fato for aprovado e chegar aos integrantes do Auxílio Brasil, ajudará a colocar a cesta básica na mesa do povo. Mas parece que o alvo é outro, pagar auxílio combustível aos caminhoneiros que, de certa forma, simpatizam com o atual presidente.
Tenho duas considerações importantes: a primeira é que os programas de auxílio, no formato em que estão, só tem porta de entrada. As pessoas entram e não saem mais, numa forma moderna de cabresto. Isso fica muito claro quando vemos que o governo já anunciou esse auxílio em formato de voucher para combustível, auxílio combustível de R$ 1.000,00 e por aí vai. O único objetivo é apaziguar os caminhoneiros e mantê-los como base de apoio. Uma paralisação nesta categoria afundaria de vez o plano de reeleição. Não há interesse real em colocar comida na geladeira do povo.
A segunda é que, quando o auxílio tem o objetivo de “auxiliar” de verdade as pessoas e colocar comida em suas mesas, ele vem em conjunto com outras medidas e políticas públicas para que seja, de fato, temporário. A ideia de emergência significa que se espera que o socorro vá surtir efeito e melhorar a vida das pessoas. Países com governos sérios estão injetando recursos nas camadas mais pobres da população desde o início da pandemia e não interromperam, porque a emergência ainda não acabou. Reino Unido, Estónia, Noruega e Japão são exemplos disso e intensificaram os programas sociais para reduzir o impacto nos combustíveis. Quando o objetivo são os votos, não as pessoas que votam, os programas são criados para gerar efeito na memória das pessoas, por isso não são mantidos pelo tempo necessário. A poucos meses da eleição, os programas sociais não salvam vidas, não resgatam a dignidade das pessoas, mas podem salvar um candidato em maus lençóis por não conseguir manter seu povo alimentado e trabalhando.
Simone Tebet (MDB):
A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.
Vera Lúcia (PSTU):
Bolsonaro defende o reajuste do Auxílio Brasil, a menos de quatro meses das eleições, de forma oportunista e eleitoreira, sem levar em consideração as necessidades do povo pobre de nosso país.
No começo da pandemia, Bolsonaro era contra o Auxílio Emergencial de R$ 600. Nós do PSTU defendemos um Auxílio Emergencial de um salário mínimo, mesmo valor que defendemos para o Auxílio Brasil.
A ampliação do valor do Auxílio Brasil é necessária. Não para se tornar propaganda eleitoral, mas devido ao aumento da fome em nosso país, como resultado da política econômica desastrosa, neoliberal e entreguista de Bolsonaro. Este governo é responsável pelo aumento da fome.
Felipe d’Avila (Novo):
O presidente Bolsonaro sempre foi contra o Bolsa Família (que ele renomeou para Auxílio Brasil) porque via o programa como uma forma de compra de votos. Agora, com a eleição se aproximando, esse aumento é uma medida eleitoreira.
O Brasil é um país pobre, onde programas sociais são necessários. Mas eles devem ser feitos do jeito certo, focalizados e criados a partir de dados e evidências. Minha proposta envolve:
– melhorar os critérios de distribuição do programa, priorizando onde ele traz mais retorno: família de baixa renda com filhos pequenos.
– gerar mais oportunidades para que os programas sociais sejam temporários, isto é, que as pessoas não precisem mais deles.
– responsabilidade fiscal e corte de privilégios, para que os gastos do programa nunca escapem do orçamento.
José Maria Eymael (DC):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Leonardo Péricles (UP):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Luciano Bivar (União Brasil):
Toda ajuda social possível, dentro do teto de gastos, é bem-vinda, porém, no caso em questão trata-se apenas de medida eleitoreira, que não terá impacto significativo na vida das pessoas. É um abuso o governo deixar a população passar três anos no aperto e dar uma “esmola” quando a eleição se aproxima.
Por isso meu foco é aprovar o Imposto Único Federal (IUF). A redução tributária que ele irá gerar será tamanha que terá reflexos diretos na oferta de empregos e na renda dos trabalhadores. Além disso, a arrecadação do IUF nos permitirá isentar de qualquer desconto no salário todos aqueles que ganham até cinco salários mínimos, sem nenhuma perda de direitos. Isso sim, vai significar mais dinheiro no bolso das pessoas.
Sofia Manzano (PCB):
Somos favoráveis à manutenção emergencial de um programa de auxílio às famílias mais pobres nesse contexto de alta taxa de desemprego e inflação, mas é importante destacar que isso não basta.
Qualquer aumento desse percentual que seja apenas momentâneo e às vésperas da eleição é uma medida eleitoreira e demagógica, pois visa instrumentalizar a miséria com objetivos eleitorais, sem nenhum lastro que se sustente na previsão orçamentária de 2023.
Para nós, medidas eficazes de promoção de renda e emprego e combate à pobreza devem combinar a taxação das grandes fortunas, uma política de reforma agrária e reforma urbana, ampliação de restaurantes populares a baixo custo em todos os centros urbanos, redução das alíquotas sobre produtos da cesta básica, controle dos preços do petróleo e derivados e maior investimento estatal em obras públicas.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos – Os pré-candidatos à Presidência
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília - 20/06/2022 • CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT • Foto: Ricardo Stuckert
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O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) tenta chegar ao Palácio do Planalto pela quarta vez • FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência • Divulgação/Flickr Simone Tebet
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Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência • ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido • Marcello Casal Jr/Agência Bras
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Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018 • Romerito Pontes/Divulgação
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Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente • Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021
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Sofia Manzano (PCB) é candidata à Presidência da República nas eleições de 2022 • Pedro Afonso de Paula/Divulgação
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Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022 • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Padre Kelmon (PTB) assumiu a candidatura à Presidência após o TSE indeferir o registro de Roberto Jefferson (PTB) • Reprodução Facebook