Pré-candidatos à Presidência falam sobre a infraestrutura das cidades atingidas por chuvas
Quase 500 pessoas morreram no país desde dezembro em decorrência das chuvas; tragédias atingiram ao menos quatro estados
Mais de cem pessoas morreram nas fortes chuvas que atingiram Pernambuco nos últimos dias. Mais de 6.000 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas no estado.
O governo federal reconheceu a situação de emergência em 14 municípios pernambucanos e prometeu liberar recursos a eles.
Desde dezembro, conforme aponta levantamento da CNN, as chuvas provocaram quase 500 mortes no Brasil, com tragédias na região serrana do Rio de Janeiro, em Minas Gerais e na Bahia.
A CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência o que eles propõem para melhorar a infraestrutura nas cidades e nas áreas de risco e evitar quedas de barreiras em locais atingidos por chuvas.
Confira abaixo as respostas:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
Mais apoio ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), políticas de financiamento de moradia popular e urbanização, e fortalecimento da Defesa Civil e medidas preventivas.
Jair Bolsonaro (PL):
O presidente não respondeu até o momento da publicação. Em entrevista à TV Bandeirantes na segunda-feira (30), Bolsonaro afirmou: “O que a gente observa é a ocupação irregular do solo. A gente vai para região tipo Petrópolis, muito acidentada, a gente lamenta o ocorrido, mas parece que aquilo ia acontecer. Não foi diferente em Recife. Apesar de ser um terreno menos acidentado os estragos se fizeram presentes. Sabemos das dificuldades. E a responsabilidade é de todos nós para ajudar essas pessoas a conseguir um local para morar que seja compatível e seguro. Quando se fala em habitações populares, nosso governo tem feito um trabalho [de entrega de casas]. Sabemos que é um número pequeno, mas é muito grande perto do que outros governos deixaram para nós. Não está no momento de fazer comparações. Agora é cada um fazer a sua parte e buscar atender melhor a população, em especial a população carente que vive nesses locais. Estive presente em Angra dos Reis (RJ), uma coisa terrível aconteceu há pouco tempo lá. É algo que no meu entender poderia ter sido evitado sim, mas em grande parte nós somos responsáveis também, mas a população pode colaborar evitando construir sua residência em locais assim.”
Ciro Gomes (PDT):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
André Janones (Avante):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Simone Tebet (MDB):
É tarefa do governo federal coordenar ações e realizar investimentos, tanto em estados como em municípios, para evitar tragédias como as que ocorreram na Grande Recife, quando deslizamentos de terra provocados pelas chuvas mataram cerca de 100 pessoas. Aliás, esse mesmo problema – a falta de coordenação federal – compromete outros setores importantíssimos para os brasileiros como a educação e a saúde. Isso é assim há anos e precisa mudar. O Estado brasileiro tem de cumprir seu papel.
Além do mais, é inadmissível olhar para esse desastre e, simplesmente, dizer que “catástrofes acontecem”, como fizeram recentemente autoridades públicas. Sim, acidentes acontecem, por isso precisamos usar todos os recursos disponíveis – e criar os necessários – para evitá-los.
Ocorre que, segundo dados divulgados pela imprensa, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, teve o menor aporte de sua história em 2021. O Orçamento Federal de 2022 prevê R$ 447,9 milhões para a área de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, do Ministério do Desenvolvimento Regional. O valor nominal é 35,38% inferior ao do ano passado e a redução chega a 45,6% se considerada a inflação no período.
Também não sejamos rasos em acreditar que só os investimentos em tecnologia vão mudar o quadro atual. Vivemos mergulhados no Brasil de hoje num conjunto de problemas que, menosprezados por anos, foram se acumulando. Agora, eles atuam em conjunto. As mais de 500 mortes provocadas por temporais que atingiram o país desde o fim de 2021 também estão relacionadas à precariedade da infraestrutura urbana e ao déficit habitacional, que leva os mais pobres a morar em áreas de risco como encostas de morros.
Conheço os problemas urbanos, pois administrei por dois mandatos consecutivos Três Lagoas, minha cidade natal, no Mato Grosso do Sul. Para mudar essa situação, colocando mais recursos onde realmente eles são necessários, temos de rediscutir o pacto federativo. A União não pode ficar com cerca de 80% da arrecadação de impostos, sendo que é nos municípios que as mudanças de serviços e infraestrutura se fazem mais necessárias.
Luciano Bivar (União Brasil):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Felipe d’Avila (Novo):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
José Maria Eymael (DC):
Falta de sensibilidade dos governantes!
Leonardo Pericles (UP):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Pablo Marçal (Pros):
O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.
Sofia Manzano (PCB):
A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.
Vera Lúcia (PSTU):
A infraestrutura das cidades reflete a desigualdade social presente nelas. Temos bairros bem estruturados, com saneamento básico, segurança, escolas, hospitais, creches e outros serviços. São nesses bairros que moram os ricos.
Os bairros do povo pobre e trabalhador sofrem com a falta de infraestrutura básica. Não há saneamento, transporte público de qualidade, escolas e postos de saúde decentes, a segurança pública só aparece para impor medo e bala.
São esses os bairros em que estão as áreas de risco de moradia em nosso país. Mas as pessoas que moram nas áreas de risco não moram lá porque querem – elas moram onde podem. E a maioria dessas pessoas são negras.
Toda a tragédia que estamos vendo hoje em Pernambuco, onde nasci, poderia ser evitada. A responsabilidade é dos governos. Quem sofre com essa irresponsabilidade, que leva às enchentes e deslizamentos, são os mais pobres.
Para resolver esses problemas defendemos:
– Um plano de obras públicas voltado ao saneamento básico, à construção de moradias populares, escolas e postos de saúde. Que além de garantir melhoria na qualidade de vida, vai gerar milhões de empregos;
– Desapropriação de todos os imóveis utilizados para especulação imobiliária e que não cumprem função social; vamos colocá-los a serviço dos que precisam de moradia;
– A população que hoje mora nas áreas de riscos deve ser isenta do pagamento de IPTU, água e energia elétrica;
– O dinheiro para a aplicação desses projetos será oriundo do dinheiro que iria para os banqueiros através do pagamento de juros da dívida pública. Também virá da taxação dos bilionários e ricos e dos impostos das grandes empresas, que terão isenções e reduções fiscais suspensas;
– Todos esses projetos serão debatidos e implementados com a participação da população, através dos Conselhos Populares, espaço democrático de debate e decisão.
* Com informações da Agência CNN
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos – Os pré-candidatos à Presidência
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