Polícia investiga intimidação à PM em tiroteio durante campanha de Tarcísio
Tarcísio de Freitas disse que foi vítima de um ataque por uma briga territorial e descartou um atentado político


A Polícia Civil investiga se o tiroteio que ocorreu durante a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, na segunda-feira (17), foi uma tentativa de intimidação à presença de policiais militares que faziam uma ronda na região. A investigação ainda ouvirá a equipe de segurança do candidato.
O delegado-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves, não descartou várias possibilidades na investigação. Para a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, responsável pelo inquérito, Elisabete Ferreira Sato, o tiroteio foi resultado de “uma eventual intimidação pela presença dos policiais militares que foram identificados na comunidade”. “Eles foram descobertos”, diz ela.
Cinco PMs foram ouvidos e uma equipe de investigação com três delegados, dois peritos e papiloscopistas estão analisando o ocorrido. Também estão sendo apurados câmeras de segurança do comércio na região, bodycams dos policiais militares e 88 estojos deflagrados e 11 cartuchos íntegros de armas de quatro calibres diferentes.
Nas próximas horas, os policiais federais responsáveis pela segurança do candidato serão ouvidos no inquérito.
Segundo a investigação, dois policiais militares à paisana foram deslocados, por volta das 10h, para o entorno de Paraisópolis na segunda-feira após a confirmação da visita do candidato. Eles fariam um serviço de apoio e observação, sem entrar na comunidade.
Outros dois policiais não fardados também acompanhavam a comitiva do candidato e estavam com uma viatura descaracterizada mais próximos ao prédio do projeto social.
Às 10h30, enquanto um dos policiais foi até o projeto social onde estava Tarcísio, o outro identificou a movimentação suspeita com uma moto ocupada por duas pessoas que observavam, filmaram e teriam identificado os policiais. O policial avisou aos colegas que identificaram a passagem de dez motos e pessoas a pé, todos armados, inclusive com armas longas.
Os bandidos teriam se deslocado até a Rua Manoel Antônio Pinto num grupo entre 18 a 20 pessoas. Testemunhas ouviram uma rajada de tiros no final da rua. Os outros PMs desceram do prédio, se protegeram atrás de veículos na rua e houve troca de tiros. Vários carros foram alvejados. O candidato e equipe foram conduzidos a uma van e retirados do local.
Os investigadores ainda não sabem se a equipe de segurança de Tarcísio participou da troca de tiros. Durante a ação, Felipe Silva de Lima foi alvejado e morreu no local. A Polícia disse que outros bandidos tentaram resgatar o corpo, mas Felipe foi abandonado. Com ele, foram apreendidos um coldre, um celular, um relógio e um pente. A polícia pretende determinar se ele estava armado e se o artefato foi levado por outra pessoa.
Felipe foi reconhecido por praticar roubos e tinha uma prisão cautelar para ser cumprida. Outro suspeito identificado foi Rafael Araújo, que cumpriu pena em Campinas em 2017, mas fugiu durante uma saída temporária. Ambos tinham passagem por tráfico de entorpecentes e roubo a residência.
Mais um suspeito foi identificado. Os demais suspeitos não foram identificados. As armas dos policiais serão periciadas.
Tarcísio de Freitas disse que foi vítima de um ataque por uma briga territorial e descartou um atentado político.
À CNN, o fundador do Projeto Belezinha em Paraisópolis, Wallace Rodrigues, descartou que a ação tenha sido um atentado contra o candidato, afirmou que não foi avisado da visita de Tarcísio e que a comunidade respeita o projeto social.