Planalto e Congresso blindam Kassio Nunes
Mesmo após reportagens sobre eventuais inconsistências no currículo do desembargador, houve muitos elogios a Kassio por parte de senadores e ministros
O Palácio do Planalto e o Congresso Nacional lideram uma estratégia de blindagem do desembargador Kassio Nunes Marques. Em encontros reservados que o presidente Jair Bolsonaro tem tido com autoridades, a avaliação tem sido a de que nenhuma das acusações contra ele irão afetar a sua aprovação no Senado.
“Aqui é muita confusão todo dia, mas já esteve pior”, disse o presidente durante um café da manhã nesta quarta-feira com os três ministros do Tribunal de Contas da União (TCU): José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rego Filho. A leitura geral no encontro, que durou das 7h30 às 8h30 e contou também com a participação do ministro Jorge de Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência) foi a de que desde a nomeação de Kassio ele passa por um tiroteio, mas que não afetará sua nomeação. O TCU é um órgão auxiliar do Congresso Nacional.
No encontro, ocorrido no dia seguinte à publicação da reportagem sobre eventuais inconsistências no currículo do desembargador, houve muitos elogios a Kassio. Foi considerado humilde e discreto. E até comparações com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro foram feitas, na linha de que é muito melhor nomear alguém que foge dos holofotes do que “um popstar” como Moro para o STF. Bolsonaro teria concordado e dito que Moro estava lhe traindo no governo e que sua saída ocorreu “no momento certo”.
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À tarde, pouco antes de a reportagem da revista Crusoé que acusava o desembargador de plágio ser publicada, Bolsonaro se reunia com autoridades diretamente envolvidas na sabatina de Kassio. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o senador Eduardo Braga, principal cotado para relatar a nomeação na Comissão de Constituição e Justiça, e os senadores Marcos Rogerio, Rodrigo Pacheco, Roberto Rocha, Elmano Ferrer, Chico Rodrigues, Eduardo Braga, Luis Carlos Heinze, além dos líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra, e no Congresso, Eduardo Gomes, além dos ministros militares do Planalto. Após o almoço, Bolsonaro e Alcolumbre se reuniram a sós.
A leitura geral também foi a de que o perfil de Kássio – moderado, discreto e equilibrado — é suficiente para que ele tenha uma aprovação tranquila de seu nome pelos senadores. A sabatina ocorre no dia 21 de outubro.