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    Eleições 2022

    PF investiga ex-vice-governador do Amazonas e candidata do Pros por suspeitas de caixa 2

    Candidatos receberam volume considerável de recursos do fundo partidário

    Gabriel HirabahasiVianey Bentesda CNN , em Brasília

    A Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira (30), uma operação contra acusados de desvios de recursos públicos voltados à campanha eleitoral de 2022. Segundo apuração da CNN, entre os alvos estão a candidata a deputada federal Adriana Mendonça, do Pros do Amazonas, e seu ex-marido Henrique Oliveira (Podemos), também candidato nas eleições deste ano.

    Os dois são investigados por suspeita do crime de caixa dois com recursos públicos do fundo eleitoral repassado pelo diretório nacional do Pros.

    A CNN revelou, em outubro, que Mendonça era uma entre mais de uma dezena de candidatos do Pros que, apesar de vultosos recursos recebidos do fundo eleitoral, tiveram uma votação inexpressiva.

    Mendonça, por exemplo, teve 240 votos, apesar de ter recebido R$ 3 milhões do diretório nacional do Pros, comandado atualmente por Eurípedes Jr.

    A operação da PF foi denominada “Amor Fantasma”, em alusão à relação de Adriana Mendonça e Henrique Oliveira, além das suspeitas de candidaturas fantasmas.

    Oliveira, que foi vice-governador do estado de 2015 a 2017, disputou o governo do Amazonas pelo Podemos e recebeu R$ 6,6 milhões do diretório nacional do Pros. A quantia foi muito superior à doada pelo próprio Podemos, que ofereceu apenas R$ 415 mil para a campanha de Oliveira.

    Em nota, a PF afirmou que foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Manaus.

    Participaram da operação a Delinst (Delegacia de Defesa Institucional) e a PF-AM. Além de Mendonça e seu ex-marido, a CNN apurou que também foram alvos da operação da PF três empresas que receberam recursos da campanha.

    “Segundo apurado pela Polícia Federal, a ex-esposa do homem público recebeu alta quantia em dinheiro do Partido Político, aproximadamente R$ 1.500.000,00, o qual foi repassado a tais empresas”, afirmou a PF.

    Foram apreendidos os celulares dos envolvidos, computadores e documentos. “O cumprimento do mandado de busca e apreensão visa identificar a prática delituosa, bem como angariar outros elementos indicativos de autoria e materialidade”, disse a PF.

    A CNN apurou que, entre as três empresas que foram alvos da operação da PF desta quarta-feira (30), estão a Digital Comunicação e a X Press Serviço Comunicação Multimídia Ltda.

    A primeira recebeu R$ 1 milhão da campanha de Adriana Mendonça e R$ 1,9 milhão da campanha de Henrique Oliveira. A X Press também recebeu cerca de R$ 1 milhão de Mendonça e mais R$ 842 mil de Oliveira. As duas empresas têm um mesmo sócio em comum.

    As suspeitas levantadas em relação à candidatura de Adriana Mendonça foram reveladas pela CNN em outubro.

    A candidata é “reincidente” em receber recursos públicos e atingir votações irrelevantes. Em 2018, ela foi candidata a deputada estadual pelo mesmo Pros no Amazonas, tendo recebido 41 votos. À época, o partido repassou a ela R$ 177 mil que foram gastos, majoritariamente, com “atividades de militância e mobilização de rua”, segundo sua declaração de contas.

    À época da publicação da reportagem que revelou as suspeitas de candidaturas fantasma no Pros, a CNN entrou em contato com as empresas que prestaram serviços para sua campanha. Elas confirmaram a contratação, mas não forneceram exemplares dos produtos entregues (material de campanha impresso e programa partidário).

    A CNN entrou em contato com as empresas novamente nesta quarta-feira (30). A gráfica X Press confirmou que foi alvo da operação da PF, mas não apresentou nenhum posicionamento oficial da empresa. Não houve resposta da Digital Comunicação.

    A reportagem também tentou contato com Adriana Mendonça, Henrique Oliveira e representantes do diretório nacional do Pros, mas não houve resposta. Caso haja manifestação dos citados, este texto será atualizado.

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