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    Eleições 2022

    PF faz operação contra empresários que teriam defendido golpe

    Mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes; denúncia surgiu de reportagem do portal Metrópoles a partir de mensagens trocadas em grupo no WhatsApp

    Daniel AdjutoGustavo Uribeda CNN

    em São Paulo

    A Polícia Federal (PF) realizou, nesta terça-feira (23), uma operação que tem como alvo um grupo de empresários que teriam defendido um golpe de Estado no Brasil caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições de outubro.

    São cumpridos mandados de busca e apreensão contra oito empresários em dez endereços distribuídos entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.

    As buscas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em uma decisão no último dia 19.

    Moraes também determinou a quebra de sigilo bancário e oitiva dos empresários, além do bloqueio das contas nas redes sociais.

    Procurado pela CNN, o Twitter afirmou que ainda não foi notificado sobre a decisão judicial.

    Trinta e cinco policiais federais participam dessa ação, que acontece no âmbito do inquérito das milícias digitais.

    Segundo a âncora da CNN Daniela Lima, a ação teve como fundamento um pedido da própria Polícia Federal, que apura a organização e o financiamento de atos antidemocráticos.

    O pedido da PF, acatado pelo ministro, foi também submetido à Procuradoria-Geral da República, para que acompanhasse a ação e sugerisse diligências. A decisão de Moraes está sob sigilo.

    A denúncia que envolve os empresários surgiu de uma reportagem do jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, que obteve mensagens trocadas entre os empresários em um grupo privado no WhatsApp. A CNN não conseguiu confirmar as informações.

    Entre os alvos da Polícia Federal nesta terça (23), estão:

    • Afrânio Barreira Filho, do grupo Coco Bambu;
    • Ivan Wrobel, proprietário da construtora W3;
    • José Isaac Peres, sócio-fundador da Multiplan;
    • José Koury, proprietário do Barra World Shopping;
    • Luciano Hang, das lojas Havan;
    • Luiz André Tissot, do grupo Sierra
    • Marco Aurélio Raymundo (Morongo); das lojas Mormaii;
    • Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa

    O empresário Luciano Hang tem três endereços entre os alvos dos mandados.

    CNN tenta contato com a defesa dos empresários.

    Em nota, a defesa de Luiz André Tissot afirmou que o grupo Sierra e o empresário “não irão se manifestar sobre o tema”.

    Já a defesa de Ivan Wrobel, da construtora W3, disse que o empresário “tem um histórico de vida completamente ligado à liberdade”. “Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos”, acrescentou a defesa.

    A assessoria das lojas Havan confirmou a apreensão do celular de Luciano Hang. “Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. […] Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu nunca, em momento algum falei sobre golpe ou sobre STF”, afirmou Hang através de sua defesa.

    A defesa do empresário Afrânio Barreira Filho, confirmou a apreensão de dois celulares do dono do Coco Bambu pela Polícia Federal.

    Em posicionamento, Barreira Filho afirma que está “absolutamente tranquilo, pois minha única manifestação sobre o assunto foi um “emoji” sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor”. “Confio na justiça e vamos provar que sempre fui totalmente favorável à democracia”, acrescentou.

    “A operação de hoje é fruto de perseguição política e denúncias falsas, as quais não tem nenhum fundamento. Afrânio Barreira está absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da verdade, a qual resultará rapidamente no arquivamento da investigação”, afirmou o advogado.

    A defesa de Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, disse que ele “de fato foi contatado hoje pela Polícia Federal, ainda desconhece o inteiro teor do inquérito, mas se colocou e segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos”.

    Os advogados Alberto Zacharias Toron e Luiz Otávio Pacífico, que defendem Meyer Joseph Nigri, informaram, por meio de nota, que o empresário “mesmo sem ter tido acesso aos autos do inquérito, como era seu direito, concordou em ser ouvido nesta manhã para colaborar com as investigações”.

    Ainda de acordo com o comunicado, Nigri “respondeu a todas as perguntas formuladas pela autoridade e rechaçou qualquer envolvimento com associação criminosa ou práticas que visam à abdicação do Estado Democrático ou preconizam golpe de Estado. Ao contrário, reafirmou sua firme crença na democracia e seu respeito incondicional aos poderes constituídos da República”.

    Pedido de investigação

    No último dia 18, o Live CNN revelou em primeira mão o pedido de quatro associações de juízes e juristas ao Supremo Tribunal Federal (STF) inclua o grupo de empresários nas investigações do inquérito das milícias digitais.

    As associações fizeram outros três pedidos ao Supremo: apreensão dos celulares e quebra de sigilo do grupo; a verificação se tais empresários organizam eventos no próximo 7 de setembro, e que todos prestem depoimento.

    Quando o pedido foi feito ao STF no dia 18, o empresário Afrânio Barreira afirmou à CNN que nunca se manifestou “a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática”. Já Luciano Hang disse que em nenhum momento falou sobre os Poderes, além de quase nunca se manifestar no grupo.

    Já Marco Aurélio Raymundo, também procurado pela CNN, diz que “lamenta profundamente e repudia a postura de profissionais que distorcem os fatos e não levam a notícia ao público com veracidade.”

    * Carolina Figueiredo, Lia Aderaldo e Vianey Bentes contribuíram para esta reportagem