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    PF faz buscas em investigação contra atos antidemocráticos

    Daniel Silveira (PSL-RJ) e o youtuber bolsonarista Allan dos Santos estão entre os alvos da operação

    A Polícia Federal faz buscas nas casas do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e do youtuber bolsonarista Allan dos Santos, na manhã desta terça-feira (16).

    De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), os agentes cumprem 26 mandados contra 21 pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal. A PF, no entanto, fala em 21 mandatos.

    A operação está ligada ao inquérito que investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática de atos antidemocráticos. As buscas foram requeridas pela PGR e determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

    De acordo com a uma fonte da PGR ouvida pela CNN, os mandados desta terça foram pedidos ao STF há cerca de duas semanas, portanto, não são uma consequência da prisão, na véspera, da ativista bolsonarista Sara Winter – apesar de fazerem  parte do mesmo inquérito no Supremo.

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    Entre os demais alvos da PF estão outros youtubers bolsonaristas como Ravox Brasil e Fernando Lisboa, além de Sergio Lima, marqueteiro do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta oficializar na Justiça Eleitoral.

    A CNN também confirmou que o advogado Luís Felipe Belmonte, vice-presidente do Aliança pelo Brasil, também é alvo da operação da PF. Além disso, uma fonte da PGR, ouvida pelo analista de política Igor Gadelha, afirmou que entre os 21 alvos, só há uma pessoa com mandato eletivo. Os outros 20 alvos não estão no exercício de cargos políticos.

    Fontes da PF confirmaram outros três alvos da operação: Emerson Teixeira, professor no Distrito Federal e apoiador de Bolsonaro – conhecido por chamar a imprensa de “abutre” enquanto esperava o presidente no Palácio da Alvorada –, o blogueiro Alberto Silva, que mantém um canal nas redes sociais de defesa de presidente, e o empresário Otávio Fakhoury, que já admitiu ter financiado manifestações a favor do governo.

    Desdobramentos

    O deputado Daniel Silveira prestou depoimento na superintendência da PF, em Brasília, depois de os agentes da polícia irem à sua casa. Ele chegou ao local por volta das 9h e deixou o prédio cerca de 40 minutos depois. Assessores disseram que permaneceu em silêncio por não ter conhecimento dos autos do inquérito.

    Mais cedo, no Twitter, Silveira comentou a ação da PF e citou o ministro da Educação, Abraham Weintraub: “Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder. E cada dia estarei mais firme nessa guerra! Ah! E não nos esqueçamos nunca: #NaoMexamComWeintraub Força & Honra!”.

    No Rio de Janeiro, foi cumprido mandado de busca e apreensão na cidade de Petrópolis na casa da família do deputado do PSL. Agentes da PF saíram do local com documentos, celulares e computadores.

    Esta não é a primeira vez que Silveira é alvo da PF. Na operação que deflagrou o inquérito da fake news, o deputado do PSL foi intimado a depor, mas informou, por meio das redes sociais, que não iria comparecer. 

    Allan dos Santos também foi alvo de mandados de busca e apreensão também no inquérito das fake news. Na época, ele se defendeu, disse que não recebe dinheiro público e que nada contra ele será encontrado na investigação.

    Policiais também estão na sede do Terça Livre, site mantido por Santos. Em nota publicada no próprio site, o Terça Livre confirmou que a PF estava na casa de Allan dos Santos. “De acordo com informações recebidas, as autoridades relacionam a visita com a prisão da ativista conservadora Sara Winter.”

    À CNN, o marqueteiro Sergio Lima informou que agentes da PF foram hoje pela manhã em sua casa, em São Paulo. Segundo ele, levaram seu notebook. Lima não estava em casa. O marqueteiro disse que estava em voo entre a capital paulista e Brasília. Ele afirmou ainda que, apesar de estar tranquilo, “a operação é um pouco constrangedora”.

    Já Ravox Brasil usou o Twitter para comentar a ação da PF. “A Policia Federal acabou de sair da minha casa, a pedido de Alexandre de Moares (STF). Estou sem os equipamentos de gravação e transmissão, além do meu celular. Estamos sendo censurados por uma instituição que deveria fazer justiça ao encontro de cidadãos de bem”, escreveu. 

    O YouTuber Fernando Lisboa publicou um vídeo na plataforma dizendo que usou um computador velho que tinha. “Na data de hoje, dia 16/6 de 2020, às 5h, a PF esteve na minha casa e levou meu computador, meu celular. Estou incomunicável, mas não tenho nada a temer”, disse. Ele chorou ao dizer que sua mãe e sua mulher presenciaram a operação.

    Outro alvo da operação da PF foi a blogueira Camila Abdo, ex-assessora do deputado estadual Coronel Nishikawa, (PSL-SP). Ela afirmou à CNN que duas agentes estiveram na sua casa, às 6h, foram educadas e levaram dois celulares e um computador. Ela disse que prestou depoimento por cerca de 10 minutos à PF.

    Em sua conta no Twitter, Camila publicou um vídeo em que fala sobre a ação da PF e mostra o mandado de busca e apreensão apresentado para ela. “Não tenho nada para falar da PF (…) só que assim, estamos sendo caçados. Só tenho uma coisa a falar para o senhor presidente Jair Messias Bolsonaro: a gente está junto até o final”, afirmou Camila, no vídeo.

    A defesa do empresário Otávio Fakhoury afirmou que o ele nega qualquer ato ilícito. “Os advogados João Vinícius Manssur e William Iliadis Janssen, que representam o empresário, não podem dar mais informações pelo fato de sequer terem recebidos cópia da decisão que determinou a operação de hoje, não sabendo dizer o motivo exato de Fakhoury estar sendo investigado”.

    Em nota, Manssur afirmou também que protocolou pedido de acesso integral aos autos e aguarda deferimento para que, “ciente dos elementos de prova, possa apresentar seu cliente para os esclarecimentos necessários”.

    (Edição: Sinara Peixoto)

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