PF deve manter provas, mas defesa de Bolsonaro sai ganhando, dizem especialistas
Vazamento não tem valor jurídico e não poderia ser usado contra o colaborador
Com a volta de Mauro Cid para a prisão, a Polícia Federal pode até conseguir manter as provas contra Jair Bolsonaro, mas a defesa do ex-presidente sai ganhando, avaliam criminalistas ouvidos pela CNN.
A avaliação é que os depoimentos de Cid ficam “desacreditados” e eles são fundamentais nos mais diversos casos desde a trama golpista até a falsificação do cartão de vacina.
“É um gol de placa para a defesa de Bolsonaro. Metade da história fica comprometida”, disse o advogado criminalista Celso Vilardi.
Se a delação de Cid for rompida, ele também se torna réu e fica desobrigado a falar a verdade, o que dificulta ainda mais o trabalho dos investigadores
Outro advogado criminalista ouvido pela CNN, Fábio Toffic explica que o acordo de delação é “leonino”. Ou seja: é desvantajoso para uma das partes. Sendo assim, Cid pode perder os direitos e benefícios, mas ainda arcar com o ônus.
A delação pode ser anulada, mas as provas continuam valendo.
Mas caso Cid confirme às autoridades o “desabafo” revelado pela Veja, e diga que foi “coagido”, as autoridades terão então que avaliar.
Nesse caso, segundo especialistas, a Justiça deve decidir se aceita o argumento de que ele foi coagido.
Então se abriria um debate sobre a validade das provas e os desdobramentos da investigação.
Para Pierpaolo Botini, advogado criminalista, o áudio vazado em si não tem valor jurídico e não pode ser usado para anular a delação.