Pesquisa Quaest: 81% concordam que PF acertou em investigar caso das joias sauditas a Bolsonaro
Levantamento foi feito com base em 2.015 entrevistas presenciais realizadas com eleitores brasileiros, com 16 anos ou mais, entre os dias 13 e 16 de abril; nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais
Uma pesquisa divulgada neste domingo (30) pela Genial/Quaest aponta que 81% dos entrevistados concordam com a abertura de investigação, pela Polícia Federal (PF), a respeito do caso das joias sauditas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre seus eleitores, 72% concordam com a apuração.
O levantamento foi feito com base em 2.015 entrevistas presenciais realizadas com eleitores brasileiros, com 16 anos ou mais, entre os dias 13 e 16 de abril. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Para 46% dos consultados, Bolsonaro tem culpa no caso, contra 33% que não creem na responsabilização do ex-mandatário. Outros 22% não sabem ou não responderam à questão.
Entre os eleitores que votaram no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno das eleições presidenciais de 2022, 74% julgam que Bolsonaro tem culpa no caso, contra 9% que não consideram o ex-presidente culpado. Outros 16% não sabem ou não responderam ao tópico.
Já entre os eleitores que votaram no ex-presidente no 2º turno das eleições presidenciais de 2022, 16% enxergam culpa de Bolsonaro no caso, contra 61% que não admitem essa possibilidade. Outros 23% não sabem ou não responderam à indagação.
Confira os detalhes da pesquisa Genial/Quaest
A comitiva de Bolsonaro teria tentado entrar com joias irregulares no Brasil, você:
- Já sabia: 71%
- Está sabendo agora: 29%
- Não sabem/não responderam: 1%
A comitiva de Bolsonaro tentado entrar com joias irregulares no Brasil, você (por renda familiar):
Até 2 salários-mínimos
- Já sabia: 67%
- Está sabendo agora: 32%
- Não sabem/não responderam: 1%
Entre 2 e 5 salários-mínimos
- Já sabia: 71%
- Está sabendo agora: 28%
- Não sabem/não responderam: 1%
Mais de 5 salários-mínimos
- Já sabia: 75%
- Está sabendo agora: 24%
- Não sabem/não responderam: 1%
A comitiva de Bolsonaro teria tentado entrar com joias irregulares no Brasil, você (voto 2º turno 2022):
Eleitores de Lula
- Já sabia: 72%
- Está sabendo agora: 27%
- Não sabem/não responderam: 0%
Eleitores de Bolsonaro
- Já sabia: 74%
- Está sabendo agora: 24%
- Não sabem/não responderam: 1%
Branco/Nulo/Não foi votar
- Já sabia: 62%
- Está sabendo agora: 37%
- Não sabem/não responderam: 1%
A Polícia Federal decidiu abrir uma investigação sobre o caso, você:
- Concorda: 81%
- Discorda: 14%
A Polícia Federal decidiu abrir uma investigação sobre o caso, você (por renda familiar):
Até 2 salários-mínimos
- Concorda: 80%
- Discorda: 13%
- Não sabem/não responderam: 7%
Entre 2 e 5 salários-mínimos
- Concorda: 81%
- Discorda: 14%
- Não sabem/não responderam: 5%
Mais de 5 salários-mínimos
- Concorda: 82%
- Discorda: 16%
- Não sabem/não responderam: 2%
A Polícia Federal decidiu abrir uma investigação sobre o caso, você (voto 2º Turno 2022):
Eleitores de Lula
- Concorda: 91%
- Discorda: 5%
- Não sabem/não responderam: 4%
Eleitores de Bolsonaro
- Concorda: 72%
- Discorda: 26%
- Não sabem/não responderam: 3%
Branco/Nulo/Não foi votar
- Concorda: 79%
- Discorda: 10%
- Não sabem/não responderam: 10%
Pelo que você sabe ou ouviu falar, Bolsonaro tem culpa neste caso?
- Sim: 46%
- Não: 33%
- Não sabem/não responderam: 22%
Pelo que você sabe ou ouviu falar, Bolsonaro tem culpa neste caso? (por renda familiar)
Até 2 salários-mínimos
- Sim: 48%
- Não: 31%
- Não sabem/não responderam: 21%
Entre 2 e 5 salários-mínimos
- Sim: 44%
- Não: 34%
- Não sabem/não responderam: 22%
Mais de 5 salários-mínimos
- Sim: 45%
- Não: 34%
- Não sabem/não responderam: 21%
Pelo que você sabe ou ouviu falar, Bolsonaro tem culpa neste caso? (voto 2º Turno)
Eleitores de Lula
- Sim: 74%
- Não: 9%
- Não sabem/não responderam: 16%
Eleitores de Bolsonaro
- Sim: 16%
- Não: 61%
- Não sabem/não responderam: 23%
Branco/Nulo/Não foi votar
- Sim: 45%
- Não: 27%
- Não sabem/não responderam: 28%
Entenda o caso
A Arábia Saudita entregou ao governo brasileiro e a Bolsonaro três pacotes com joias durante o mandato do ex-chefe de Estado, entre 2019 e 2022.
Segundo a defesa de Bolsonaro, “os bens foram devidamente registrados, catalogados e incluídos no acervo da Presidência da República”. Além disso, os representantes afirmaram que todo o acervo de presentes será submetido à auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em 2021, o príncipe Mohammed bin Salman Al Saud entregou dois estojos com joias ao então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que representou Jair Bolsonaro em agenda no país.
Os objetos, porém, não foram declarados como presentes de Estado – o que os eximiria de ter de pagar taxa na chegada ao Brasil, além de os regularizar e dar a devida destinação. A Receita Federal impõe que todos os produtos com valor superior a US$ 1.000 sejam declarados na entrada ao país.
O ex-ministro de Minas e Energia e a equipe de assessores dele viajaram em voo comercial e chegaram ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no dia 26 de outubro de 2021.
Um dos estojos, que estava com um dos assessores, que continha um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões, foi localizado e apreendido pela Receita.
De acordo com o órgão, a incorporação ao patrimônio da União exige um pedido de autoridade competente, “com justificativa da necessidade e adequação da medida, como, por exemplo, a destinação de joias de valor cultural e histórico relevante a ser destinadas a museu”.
Em comunicado, foi dito que isso não aconteceu. “Não cabe incorporação de bem por interesse pessoal de quem quer que seja, apenas em caso de efetivo interesse público”, pontua.
A CNN questionou integrantes da equipe do governo Bolsonaro por que as joias não foram registradas antes de chegar ao Brasil. Interlocutores afirmaram que o assessor do Ministério de Minas e Energia deveria ter informado que se tratava de um presente do reino da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o então presidente.
No segundo estojo havia uma caneta, um anel, um relógio, um par de abotoaduras e uma espécie de terço islâmicos, em valores oficialmente não divulgados, mas que está avaliado em R$ 500 mil. Este foi listado no acervo pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme o próprio confirmou à CNN.
No dia 28 de outubro de 2021, o gabinete do ex-ministro de Minas e Energia informou ao Departamento Histórico da Presidência da República que estava com os presentes entregues pelo governo da Arábia Saudita. Porém, omitiu-se que outros itens do primeiro estojo foram apreendidos pela Receita Federal.
Após um ano, em 29 de novembro de 2022, os itens do segundo estojo foram entregues ao Gabinete Histórico da Presidência da República, conforme a CNN confirmou em reportagem. No mesmo dia, os objetos foram incorporados ao acervo privado de Bolsonaro.
(Publicado por Lucas Schroeder)