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    Para ambientalistas, Bolsonaro não reduziu ‘desconfiança’ no Brasil com discurso

    Em discurso na manhã desta quinta-feira (22), o presidente afirmou que o Brasil terá neutralidade climática até 2050

    Leandro Resendeda CNN

    Ambientalistas ouvidos pela CNN afirmaram que a fala do presidente Jair Bolsonaro durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima não reduziu por completo a desconfiança da comunidade internacional nos esforços do Brasil para preservação ambiental.

    Em discurso na manhã desta quinta-feira (22), o presidente afirmou que o Brasil terá neutralidade climática até 2050 e que o desmatamento ilegal será emilinado até 2030.

    Para o pesquisador Paulo Barreto, que atua no Imazon, instituição que há 30 anos promove o desenvolvimento sustentável na Amazônia, a fala de Bolsonaro teve três pontos positivos: a menção aos povos indígenas e tradicionais, o destaque à importância dos mercados de carbono e o compromisso com a neutralidade climática até 2050, ou seja, com a eliminação do uso de combustíveis fósseis e a compensação com medidas de proteção climática para cada tonelada de gases emitidos pelo país.

    De resto, destaca Barreto, não foi possível reestabelecer a confiança da comunidade internacional de que o Brasil está de fato comprometido com os objetivos traçados.

    “Por exemplo: como o país vai pedir dinheiro para interromper o desmatamento tendo R$ 3 bilhões do Fundo Amazônia sem uso?”, questiona Barreto, em referência ao financiamento feito por doações de Noruega e Alemanha para ações de combate ao desmatamento no país.

    “O país não está na linha de frente do aquecimento global desde pelo menos 2012. Nos últimos dois anos, tivemos aumento de 30% no desmatamento”, apontou.

    Presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocahy afirmou à CNN que a menção feita pelo presidente Jair Bolsonaro aos indígenas é um aceno explícito ao presidente dos Estados Unidos Joe Biden, responsável pela organização da Cúpula dos Líderes sobre o clima.

    “Se lembrarmos do primeiro discurso do Bolsonaro na ONU, era uma fala que agradava ao presidente americano da época, Donald Trump. Agora, é uma sinalização, ainda pequena, para o Biden”, afirmou.

    Para Bocahy, a desconfiança sobre a capacidade do país em se comprometer com metas climáticas e ambientais irá se manter porque não há uma coesão no discurso emitido no país. “Ciência, governadores, ONGs falam uma coisa e o governo vai em outra direção. Falta um alinhamento de discurso e um discurso interno, de que infrações serão coibidas”, afirmou.

    A oceanógrafa e professora da USP Yara Novelli, que pesquisa sobre biodiversidade no Brasil há 40 anos, afirmou que o Brasil perdeu uma oportunidade de anunciar “ações efetivas, para lidar com quem desmata ilegalmente no país”.

    “Foi uma oportunidade para uma mudança completa de postura. Temos hoje dois Brasis, o que foi pintado hoje na Cúpula, e o que há, de fato, onde a fiscalização ambiental não tem sido prioridade do governo”, disse.

    Em coletiva realizada após a fala na Cúpula do Clima, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles cobrou ajuda financeira estrangeira para a redução da emissão de carbono e combate ao desmatamento. “Há necessidade de recursos a serem implementados imediatamente, razão pela qual estamos abrindo essa possibilidade de que estrangeiros nos ajudem com recursos vultosos imeditamente para cuidar da parte econômica e social da Amazônia”, disse Salles.

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