Painel CNN: Especialistas debatem primeira semana de governo Lula
Em debate na CNN, entrevistados apontam avanços do novo presidente nas relações políticas, mas ruídos na área econômica
Em debate no Painel CNN neste sábado (7) para avaliar a primeira semana do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), especialistas avaliam que o novo presidente já aponta para avanços tanto nas relações políticas, com o Congresso e os partidos, quanto na seara internacional, com reaproximações a regiões como Estados Unidos, Europa e a América Latina.
Por outro lado, a área econômica e sua relação com o mercado financeiro ainda sofre com ruídos e informações desencontradas do presidente e sua equipe.
“Há uma certa salada mista, algumas coisas dão sinais construtivos e, outras, tropeços”, disse o diretor executivo para as Américas da Eurasia, Christopher Garman.
“Do lado estritamente político, na relação com o Congresso, o presidente Lula tem sido muito eficaz, caminhando para tentar construir uma base parlamentar (…). Onde, talvez, o governo esteja dando mais sinais preocupantes é na área econômica (…), com muita preocupação do mercado financeiro e ‘bateção’ de cabeça de certas alas do governo, a econômica e a política”, continuou.
Para o cientista político José Álvaro Moisés, falta, para os direcionamentos econômicos de Lula, a mesma clareza que ele tem em suas políticas sociais.
“O governo anuncia claramente a sua grande meta, que é a do enfrentamento das desigualdades sociais, mas não anuncia com a mesma clareza a sua responsabilidade em relação ao ajuste fiscal”, disse Moisés, que é professor da Universidade de São Paulo.
“Isso deixa margem para dúvidas e cria, inclusive, essa situação em que investidores de dentro e de fora do país querem investir, mas dependem de como o governo vai prosseguir.”
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor de economia Fundação Getulio Vargas (FGV), chama atenção para o fato de que o humor do investidor local está destoante do estrangeiro, o que indica que há uma janela de oportunidade a ser aproveitada pelo novo governo na relação com o mercado financeiro.
“Quando olhamos o risco país, medido pelo CDS, vemos que há uma vontade em relação ao Brasil do ponto de vista dos investidores estrangeiros”, disse ele.
“Então, eu acho que se o governo realmente assumir esse compromisso fiscal e caminhar em direção de anunciar uma regra fiscal com credibilidade e que agrade os mercados, temos tudo para seguir no processo de corte de juros.”
Assista ao debate completo no vídeo acima