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    Eleições 2022

    Os manos, as minas e o Lula

    Ex-presidente participou de jantar com artistas, empresários, intelectuais e comunicadores negros

    Maurício Pestana

    É hábito dos regimes democráticos os candidatos a qualquer cargo eletivo, mais que pedir votos, reunirem-se, apresentar suas ideias, ouvir críticas e sugestões dos diversos setores da sociedade e não só chamar esses setores para os palanques ou, às portas fechadas, com tecnocratas marqueteiros de campanhas.

    No Brasil, espaços como jantares e almoços em geral, são realizados com setores da economia, como indústria, comércio, agronegócio e, quando muito, com intelectuais e, algumas vezes, com setores da cultura.

    Esta semana pude presenciar um jantar diferente, organizado pela empresária Eliana Dias e o rapper Mano Brown, seu marido, juntamente com o influencer AD Junior e Suêrda Deboa.

    O jantar foi com o pré-candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se deu em um restaurante africano badalado da cidade de São Paulo e tinha como objetivo levar a ele reinvindicações da comunidade negra, que representa mais de 60% do eleitorado brasileiro e que, nos últimos anos, tem sido chamada apenas para votar e, às vezes, subir no palanque.

    Negros e negras, neste país, estão em todas as áreas de atuação, menos em espaços de poder, e esta representação se fazia presente no encontro com pessoas do empresariado, empreendedorismo, como Adriana Barbosa, da Feira Preta; Cida Bento, intelectual e fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (Ceert); Djamila Ribeiro, representando a academia e as mulheres negras; e setores da mídia negra como a consultoria Oliver Press, Mídia Ninja e Revista Raça.

    Também muitos influencers negros, como o próprio AD Junior, que foi o mestre de cerimônia do encontro.

    No jantar o ex-presidente Lula, que estava acompanhado da esposa Janja e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de seu staff de campanha, atentos às aflições, reivindicações e também críticas como sobre a ausência de negros nesta fase da campanha, mas, sem dúvidas, a pergunta mais espinhosa do encontro foi a do rapper e anfitrião do jantar, Mano Brown, sobre a escolha de Geraldo Alckmin para vice-presidente da República.

    Também foi a pergunta que o ex-presidente dedicou mais tempo a responder.

    No mais, o encontro que contou com um público mais jovem, crítico e com grande trânsito em se comunicar com a comunidade negra, mostrou-se diferente; aliás, a surpresa deste jantar foi realmente a ausência dos setores negros dos partidos políticos como do próprio PT, o que pode ou não estar representando uma tendência da campanha de Lula, mais aberto a conversar com outros setores que, em geral, não apareciam nesses momentos em períodos de campanha.

    Se isso foi uma estratégia de campanha ou realmente uma tendência só o tempo dirá, mas no quesito “conversar com o eleitorado” fez Lula já sair na frente de seus adversários.

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