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    No Rio, vereadora trans acusa deputado estadual de ataques transfóbicos e racistas

    Caso aconteceu em sessão ordinária na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira (17)

    Vereadora Benny Briolly (PSOL), de Niterói
    Vereadora Benny Briolly (PSOL), de Niterói Foto: Arquivo Pessoal

    Beatriz Puenteda CNN

    No Rio de Janeiro

    A vereadora Benny Briolly (Psol) acusa o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB) de ataques transfóbicos e racistas. Em sessão ordinária na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta terça-feira (17), o parlamentar se referiu à vereadora no gênero masculino e a chamou de “aberração da natureza”. Benny é a primeira vereadora trans eleita no estado do Rio de Janeiro.

    Durante a sessão, ele disse que “tem lá em Niterói um ‘boizebu’, que é uma aberração da natureza aquele ser que está ali. Um vereador homem, pois, nasceu com pênis e testículos, portanto é homem.”

    A parlamentar vai registrar queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Além disso, ela solicitou à executiva estadual do Psol que seja protocolada uma denúncia contra o parlamentar no Conselho de Ética da Alerj. Em nota, a vereadora defendeu que a fala do deputado se trata de um crime.

    “Se esses covardes acham que vão me silenciar, eles estão muito enganados. Se eles acham que estão protegidos pela imunidade parlamentar para saírem cometendo atos criminosos, eles que aguardem, pois racismo e LGBTfobia são crimes”, afirmou Benny Briolly.

    Em vídeo enviado pela assessoria do deputado, ele argumenta que a fala na sessão se tratava de um ato de defesa da liberdade individual e de liberdade de expressão.

    “No plenário da Assembleia Legislativa, eu defendi as crianças e as famílias contra a perversidade da esquerda. Por exemplo, criar neologismos, palavras que não existem, destruindo a língua portuguesa. Além da tentativa de nos impor uma narrativa de gênero, quando na verdade, existem apenas, biologicamente, dois sexos, ao contrário do que o próprio vereador Benny apresentou na própria Câmara Municipal de Niterói, onde permite que livremente as crianças possam trocar de sexo e de nome, afrontando a prerrogativa e a autoridade dos pais”, disse Rodrigo Amorim.

    A Assembleia Legislativa informou que não irá comentar o caso.

    Ameaças de morte

    Em 2021, Benny precisou deixar o Brasil após receber ameaças de morte. Segundo a assessoria da parlamentar, ela já recebia ameaças há cerca de cinco meses quando o partido decidiu tirar a vereadora do país de forma a mantê-la segura.

    Em um e-mail recebido, o remetente escreveu o endereço de Benny e afirmou que se ela não renunciasse ao cargo, iriam até a residência dela para matá-la. Em outra ameaça, nas redes sociais, o internauta anônimo disse que desejava que ela fosse morta pela “metralhadora do Ronnie Lessa”. Ronnie Lessa é acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

    Racismo religioso

    A vereadora Benny Briolly também já denunciou, em março deste ano, ter sofrido racismo religioso na Câmara Municipal de Niterói, no Rio de Janeiro.

    Na época, a parlamentar apresentava um projeto de lei que pretendia instituir 12 de novembro como o “Dia de Maria Mulambo protetora de Niterói” — entidade cultuada por religiosos de matriz africana. Enquanto isso, várias pessoas, inclusive, outros vereadores começaram a chamar Benny de ‘macumbeira’ e dizer palavras condenando a proposta.