No mundo ideal, deveríamos discutir propostas na última semana, diz cientista político
Em entrevista à CNN, cientista político Adriano Oliveira avalia campanha eleitoral para a presidência da República que entra na última semana
A campanha eleitoral para a presidência da República entra na última semana. No próximo domingo, 30 de outubro, eleitores de todo o país retornam às urnas para o segundo turno.
No horário eleitoral gratuito da rádio na manhã desta segunda-feira (24), o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se dirigiu às comunidades e à população menos favorecida. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) dedicou seu tempo de propaganda ao agronegócio e à agricultura familiar.
Em entrevista à CNN, o cientista político Adriano Oliveira, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirmou que, em meio a ataques, faltou espaço para a discussão de propostas.
“O mundo ideal era que tivéssemos essa semana com proposição. Poderíamos estar discutindo por exemplo qual será o papel da Petrobras para regular o mercado de combustíveis. Poderíamos estar aqui debatendo quais seriam as razões de gastarmos ou não as reservas que o Banco Central tem. Poderíamos estar debatendo o futuro da educação pública brasileira. Poderíamos estar debatendo como fortalecer o orçamento do Sistema Único de Saúde”, afirma Oliveira.
O pesquisador explica que o espaço dedicado à discussão das propostas tem sido usado para ataques entre os candidatos.
“Estamos em uma disputa eleitoral em que os principais candidatos, o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro, são presidentes rejeitados. Então, eles precisam atacar para aumentar a rejeição do outro ou diminuir, ou manter como está, a rejeição de um ou de outro. Então, nós teremos uma semana intensa”, diz.
“O presidente Bolsonaro entrou na disputa sem ter uma boa avaliação. O presidente Lula entrou na disputa com uma alta rejeição, mas menor do que a do presidente Bolsonaro e com uma memória muito positiva em torno do seu nome, em particular da sua era no que condiz especificamente à era econômica. O guia eleitoral vai ser muito intenso com mais ataques e poucas propostas”, avalia.
(Publicado por Lucas Rocha, com informações de Carolina Cerqueira, Isabella Galvão e Jorge Fernando Rodrigues)