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    Negociadores do Mercosul só conversam porque não conseguem consenso sobre o que dizer à UE

    Não há definição no bloco a respeito de como reagir à decisão europeia de reabrir acordo

    Lourival Sant'Annada CNN , Brasília

    Negociadores do Mercosul continuaram discutindo, na quinta-feira (14), em Brasília, a resposta ao protocolo adicional da União Europeia (UE) mesmo depois de ter enviado
    uma resposta de princípios, ou preliminar, na noite anterior.

    Isso porque, na verdade, não há consenso no bloco a respeito de como reagir à decisão europeia de reabrir o acordo, fechado em 2019, para banir a importação de produtos associados ao desmatamento.

    O Uruguai não quer a reabertura do acordo nem por parte da Europa nem do Mercosul. O país quer que o acordo entre em vigor o mais depressa possível.

    Essa é a posição inicial do Paraguai também, mas Assunção acabou se resignando diante da posição de Brasil e Argentina em favor de proteger as compras governamentais.

    A Argentina de Alberto Fernández propõe até reabrir uma outra frente, de impor tarifas protecionistas para os carros elétricos.

    A resposta, enviada na noite de quarta-feira, usa termos vagos, e fala em preservar um “espaço para políticas públicas”. Traduzindo: os países podem proteger os seus
    mercados para fazer política industrial, o que vai contra o princípio do livre comércio.

    Reunidos em Brasília, os negociadores do Mercosul tiveram uma conversa por videoconferência na quinta-feira com o negociador-chefe da UE, o alemão Rupert
    Schlegelmilch. Mas não passou disso: uma conversa. Porque o próprio Mercosul não tem um consenso sobre o que responder.

    Os negociadores do Mercosul continuam reunidos nesta sexta-feira em Brasília.

    VÍDEO – Lula diz que UE tem que decidir se quer acordo com Mercosul

    Está prevista uma reunião presencial dos negociadores do Mercosul e da UE no dia 4 de outubro, também em Brasília, já que o Brasil preside atualmente o Mercosul.

    O termo “espaço para políticas públicas”, ou “policy space”, em inglês, surgiu em uma reunião da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
    Desenvolvimento) em 2004 no Rio.

    Foi uma resposta dos países do G77+China à cobrança dos europeus por melhor governança nos negócios. A ideia já era essa: de preservar políticas industriais das práticas de livre comércio, protegendo assim empresas locais.

    Hoje com 134 integrantes, o G77+China se reúne no sábado em Cuba. Numa amostra das diferenças de visões sobre as relações econômicas internacionais,
    enquanto o Brasil será representado pelo presidente Lula, o Uruguai enviará seu embaixador a Havana.

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