Não vejo razão para Carlos Bolsonaro ser convocado, diz presidente da CPI à CNN
Omar Aziz disse que depoimento de executivo da Pfizer na semana passada não comprometeu filho do presidente Bolsonaro
O senador que preside a CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), disse em entrevista à CNN nesta segunda-feira (17) que, até agora, não vê motivo para que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) seja convocado a prestar depoimento.
Para ele, a fala do presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, não implica o vereador pelo Rio de Janeiro.
“O depoimento dele [Carlos Murillo] não compromete o vereador Carlos. Ele entrou na sala, cumprimentou, não fez nenhuma pergunta e saiu da sala. Temos que ter muito cuidado, esse cuidado que estou tendo, que não tente politizar”, afirmou. “Não podemos criar situações, porque vai desvirtuar a CPI.”
“Sinceramente, até agora, não vejo razão para que Carlos Bolsonaro seja convocado. Se eu fosse filho, também teria tentado ajudar meu pai nas circunstâncias, sem, claro, dar ordens a ministros e secretários”, declarou. “Não vejo necessidade de politizar a situação. Se tiver coisa concreta contra o Carlos ou quem quer que seja, não tenha dúvida de que iremos convocar, mas para fazer politicagem, não vejo necessidade.”
Aziz também falou sobre a decisão do STF que permitiu que Pazuello fique em silêncio durante o depoimento.
“Não sendo permitido falar aquilo sobre o comportamento [de Pazuello] nos prejudica bastante, mas outros falarão”, afirmou.
“Fica meio toldado, cerceado esse depoimento”, disse. “Se ele era o responsável e a CPI é da Covid, óbvio que fica prejudicado, te asseguro que fica prejudicado o que podemos obter de Pazuello.”
Porém, ele acredita que, pelo histórico militar do ex-ministro, ele priorizará “o que honrou defender: a pátria e o povo brasileiro”. “Através da própria consciência, vai dizer quais foram os caminhos errados e o que pensa que poderíamos ter tomado o lado certo”.
“Ministros se omitiram”
O senador também falou que os ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, se omitiram nos depoimentos prestados à comissão.
“O presidente não acordou e disse ‘olha, sonhei que a cloroquina e a ivermectina salvam’, alguém o induziu a isso. Perguntamos à Mandetta e Teich, ‘quem é o grupo paralelo orientando o presidente?’, eles sabiam e não falaram”.
Para ele, as testemunhas ouvidas até o momento mostram que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi “mal orientado”.
“O Brasil tem a oportunidade ímpar de adquirir 70 milhões de doses da Pfizer, o presidente, vice, ministro da Saúde, embaixador e outros ministros recebem a correspondência e ninguém mandou procurar a Pfizer para dizer ‘quanto custa? Como estão os testes?'”, lembrou.
“Quando Carlos, o presidente da América Latina da Pfizer, disse que levou mais de uma proposta para o governo, uma delas que em dezembro [de 2020] teríamos 1,5 milhão e vacinas… Hoje poderíamos ter quase 20 milhões de vacinas da Pfizer já aplicadas no povo brasileiro”.