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    ‘Não quero ser blindado, mas também não ser sacaneado’, teria dito Bolsonaro

    Fala do presidente se refere a possíveis investigações. Em depoimento, Augusto Heleno nega que Bolsonaro tenha solicitado acesso a relatórios de inteligência

    Renata Agostini e Daniel Adjuto

    A defesa do ex-ministro Sergio Moro questionou o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, se ele se recordava de ouvir do presidente da República a frase: “Não quero ser blindado, mas também não quero ser sacaneado”. Segundo o advogado de Moro, uma referência a investigações policiais. Heleno respondeu que não. É a primeira vez que essa frase vem à tona e é usada na investigação. 

    No depoimento, Augusto Heleno negou que o presidente tenha solicitado acesso a relatórios de inteligência. De acordo com Sergio Moro, o ministro teria alertado Bolsonaro que ele não poderia ter acesso a “esse tipo de relatório”. “Os relatórios desejados pelo presidente não envolviam matéria de polícia judiciária objeto de inquéritos policiais sigilosos”,  disse o ministro do GSI. “O presidente da República nunca solicitou dados específicos de investigações em curso”, completou.

    Heleno, porém, disse não se recordar se, na reunião ministerial ocorrida no dia 22 de abril no Palácio do Planalto, afirmou a Bolsonaro que o presidente não poderia ter acesso aos tipos de relatórios que estava cobrando publicamente. Essa versão foi dada por Moro em seu depoimento. 

    Segundo Heleno, nesta reunião, Bolsonaro fez uma cobrança generalizada dos ministros da área de inteligência e reclamou da escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo citações específicas sobre sua segurança pessoal, sobre ABIN, PF e Ministério da Defesa. 

    De acordo com Heleno, a fala do presidente no encontro sobre trocar chefe, diretor ou ministro foi referente a possíveis falhas em segurança pessoal. Moro afirmou em depoimento que, nessa reunião, Bolsonaro sinalizara que caso não pudesse mudar a Polícia Federal no Rio, trocaria o diretor-geral e até o demitiria.

    Heleno esclareceu que a segurança do presidente é de responsabilidade de sua pasta – e não do Ministério da Justiça, então comandado por Moro. Mas que, segundo Heleno, o “presidente entende que a proteção nesse aspecto é mais genérica que aquela oferecida pelo GSI”.

    O general confirmou que, no dia 23 de abril, teve um encontro com Sergio Moro e os ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e Braga Netto, da Casa Civil.  Na ocasião, ainda segundo Heleno, não foi tratado de relatórios de inteligência da PF. Heleno, no entanto, disse não se lembrar se Moro comentou a troca na direção-geral na Polícia nem quanto tempo durou a reunião.

    Escolha de Ramagem 

    Augusto Heleno falou sobre a escolha de Alexandre Ramagem para o lugar de Valeixo no comando da PF. Segundo ele, é natural que o presidente da República escolha o diretor-geral da instituição. Heleno contou ainda que Ramagem, por ser diretor-geral da ABIN, tem uma sala no Palácio do Planalto e que conversa com o delegado “praticamente todos os dias”. Ramagem, ainda segundo o ministro, também se reúne corriqueiramente com Jair Bolsonaro.