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    Não podemos naturalizar essas situações, diz Sâmia à CNN após fala de Zucco oferecendo “remédio ou hambúrguer”

    Em entrevista à CNN, deputada disse que provocação em sessão da CPI do MST "não foi fato isolado" e Comissão se mostra "um ambiente de violência política"

    Manoela CarlucciLéo Lopesda CNN

    São Paulo

    A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse à CNN, neste sábado (5), que não se pode naturalizar situações como a que ocorreu na sessão da CPI do MST na quinta-feira (3). 

    Durante um bate-boca, o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito, disse que a parlamentar deveria “ficar mais calma” e acrescentou: “A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio ou quer um hambúrguer?”

    A fala gerou um bate-boca entre a base governista e parlamentares aliados de Zucco. Sâmia denunciou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Conselho de Ética da Câmara a fala do presidente da CPI.

    A parlamentar disse que “não foi um fato isolado” a declaração do presidente da Comissão.

    “Desde o primeiro dia de sua instalação, ela [a CPI do MST] tem sido um palco de misoginia. Foi por isso que a PGR abriu um inquérito para apurar se há violência política de gênero. A gente vê cenas de corte de microfone, interrupções e ofensas para tentar nos desqualificar ou nos intimidar em nossa atividade parlamentar”, afirmou.

    “Quando um parlamentar se dirige assim a uma mulher dentro da Câmara, as demais mulheres que assistem se sentem vitimadas também pelo que acontece. Pior do que isso, os homens do lado de fora se sentem autorizados a fazer o mesmo. A Câmara deveria ser um espaço pedagógico para a população, e não um espaço de perpetuação da violência”, completou.

    Sâmia ainda rebateu as acusações de deputados da oposição, e do próprio Zucco, que ela teria ofendido parlamentares da Comissão em outras ocasiões.

    Veja também: O Grande Debate: houve quebra de decoro?

    “É muito comum que os homens achem desproporcional, fora do tom, ou que nos chamem de histéricas ou barraqueiras quando a gente reage a algum tipo de violência. Eu não vou mudar minha postura enquanto aquilo for um ambiente de violência política”, disse.

    Para a parlamentar, o caminho para diminuir a ocorrência de episódios como esse é “não naturalizar situações como essa, não deixar mais uma vez que a impunidade reine naquele espaço”.

    “Eu não fui a primeira. Não é um fato isolado. Talvez tenha mais episódios comigo esse ano porque a CPI tem uma maioria de homens de extrema-direita e estou ali como uma das poucas deputadas que estão ali para defender o Movimento [Sem Terra] e eu sou uma deputada mulher. Então é uma combinação de fatores que faz isso se apresentar contra mim o tempo todo. Mas são muitas deputadas que são vítimas de ações como essa”, concluiu.

    Admito que não era necessário, diz Zucco à CNN

    O presidente da CPI do MST também falou à CNN neste sábado e disse que admite ter sido uma provocação desnecessária sua declaração.

    Zucco alegou que “a deputada Sâmia Bomfim já tem um histórico largo de agressões a todos os parlamentares”.

    Ele chamou de “provocação que não foi propícia” a fala que fez, e argumentou que não era um ataque pessoal, mas sim “à ideologia da deputada”.

    “Foi uma provocação pontual, que admito que não era necessária. Mas aí para falar de um preconceito, de um ataque pessoal… Ela mesma já tinha anteriormente solicitado calmante para esse presidente, para o relator”, acrescentou.

    Zucco ainda alegou que a deputada “nas redes sociais, utiliza algumas fotos dizendo que um dos lanches prediletos dela é o hambúrguer, mas se vitimizou”.

    “O respeito tem que ser mútuo. Eu espero que, não só ela responda no Conselho de Ética, como aprenda com os erros”, concluiu.