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    Não pode haver impunidade em tentativa de invasão da Polícia Federal, diz Dino

    Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir prédio da Direção-Geral da entidade, em Brasília, com atos de vandalismo, na última segunda-feira (12)

    Douglas Portoda CNN

    em São Paulo

    O futuro ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) declarou, nesta terça-feira (13), em entrevista à CNN, que não pode haver impunidade na tentativa de invasão ao prédio da Direção-Geral da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília, na noite da última segunda-feira (12), por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

    “Nós tivemos um dia até exitoso, eu diria, em relação a diplomação presidencial que ocorreu com tranquilidade. Infelizmente, a Polícia Federal acertadamente cumpriu uma ordem judicial e aí, então, houve a deflagração, infelizmente, desses atos violentos. Houve uma certa demora de atuação. Eram pequenos agrupamentos extremistas. E havia, sim, não há dúvidas, caminhos de contê-los mais rapidamente”, expôs Dino.

    “O certo é que, felizmente, foi possível essa contenção e tivemos hoje um dia tranquilo em Brasília. É preciso fazer uma modulação: de um lado, firmeza na apuração desses fatos graves. Não pode ficar impune a tentativa absurda de invadir a Direção-Geral da Polícia Federal, entre outros atos. E, por outro lado, essa mensagem de tranquilidade, que apesar das dificuldades, a ordem pública foi restaurada e mantida na capital do país”, continuou.

    Na ocasião, carros e ônibus foram incendiados. Para conter os manifestantes, agentes da Polícia Federal usaram bombas de efeito moral e gás pimenta.

    Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal afirmou que o protesto teve início após o cumprimento de um mandado de prisão temporária contra o cacique José Acácio Serere Xavante determinado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

    A detenção ocorreu pela suposta prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos pelo prazo de dez dias.

    Segundo a PF, Xavante teria realizado manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais de Brasília, notadamente em frente ao Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília (onde invadiram a área de embarque), no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios (por ocasião da cerimônia de troca da bandeira nacional e em outros momentos).

    Ao pedir a prisão temporária, a PGR disse que ele vem se utilizando da sua posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante a ameaça de agressão e perseguição de Lula e dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

    Em um vídeo enviado a jornalistas, Xavante pede aos manifestantes que não se envolvam em “briga ou confronto”.

    “Meus amigos, irmãos, povo brasileiro, cacique e líderes. Estou bem, graças a Deus, e estou em paz. Quero pedir: como eu tenho amado os senhores, se os senhores me amam também, me consideram, eu quero pedir para que os senhores não venham fazer conflito, briga ou confronto com a autoridade policial e venham viver em paz. E não pode continuar o que aconteceu, infelizmente, essa destruição dos carros, ataque à sede da PF”, diz.

    “Sabemos que somos povo santo, povo de bem, povo que não compactua com derramamento de sangue, briga e conflito. A nossa briga não é contra as pessoas humanas. É contra as potestades espirituais, Deus abençoe a todos”, completa.

    Veja imagens dos atos de vandalismo em Brasília:

    Em razão do tumulto, a PM reforçou a segurança onde estavam hospedados o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e grande parte da equipe de transição do novo governo, após a diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O hotel fica a aproximadamente a 1 quilômetro de distância do local dos protestos.

    Moraes ressaltou na análise do pedido de prisão que as condutas do investigado, amplamente noticiadas na imprensa e divulgadas nas redes sociais, se revestem de agudo grau de gravidade e revelam os riscos decorrentes da sua manutenção em liberdade, uma vez que o Serere Xavante convocou expressamente pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos.

    “A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação”, afirmou o magistrado.