Não impus nada para Queiroga, diz Bolsonaro sobre desobrigar máscara
Organização Mundial da Saúde defende suspensão apenas após fim da transmissão comunitária da doença
Após afirmar que discutiu com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras para quem já foi vacinado contra a Covid-19 e para quem já contraiu a doença, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, em transmissão ao vivo pela internet nesta quinta-feira (10), que não impôs nada ao ministro; mas que sugeriu a implementação de um estudo para a medida.
“Não impus nada para ele. É possível a Saúde apresentar um estudo da desobrigatoriedade da máscara? Ele [Marcelo Queiroga] falou é possível, vamos fazer isso, vamos ficar refém de máscara até quando?”, disse Bolsonaro.
O presidente mencionou uma suposta afirmação do pesquisador Anthony Fauci, principal cientista dos Estados Unidos no combate ao novo coronavírus, em que ele defenderia a não obrigatoriedade do uso de máscaras.
Em uma entrevista à CNN em 3 de junho, Fauci afirmou um certo arrependimento sobre um e-mail de fevereiro de 2020 minimizando a necessidade de usar máscaras. O e-mail foi enviado em um momento antes do novo coronavírus ser declarado uma pandemia e antes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, aconselhar o público a usar máscaras para proteção.
“Ele vai fazer um estudo de modo que nós possamos orientar e sugerir a desobrigação do uso da máscara para quem já foi vacinado ou para quem já contraiu o vírus. Não podemos viver numa opressão a vida toda. Até naqueles e-mails vazados do Dr.Fauci dizia que a máscara não tinha utilidade para quem não tinha o vírus, e mesmo assim, oferecia uma pequena segurança para quem tivesse na frente dele. Sabemos que o nosso protocolo é de que a pessoa contaminada tem que ficar em casa, separada do restante da família”, afirmou Bolsonaro.
Após os primeiros países optarem por autorizar a dispensa do uso de máscaras por pessoas vacinadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu cautela aos governos. Segundo a OMS, a dispensa desses cuidados pode acontecer quando não há mais transmissão comunitária da doença e não depende apenas da vacinação contra a Covid-19.
“A pandemia não terminou, há muita incerteza com as novas variantes e precisamos manter os cuidados básicos para salvar vidas”, afirmou Maria van Kerkhove, líder técnica para a Covid-19 da OMS.