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    Eleições 2022

    “Não há um Poder mais importante que o outro”, diz Ciro Nogueira à CNN

    Ministro da Casa Civil afirma que em alguns momentos são retiradas pelo Poder Judiciário atribuições que são do Executivo e Legislativo

    Douglas Portoda CNN , em São Paulo

    O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que existe um grande ativismo do Judiciário no país. Em entrevista exclusiva à âncora da CNN Daniela Lima, o ministro justificou as críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar que, muitas vezes, o Poder retira responsabilidades do Executivo e do Legislativo.

    “Nós temos que voltar a ter bom senso e respeitar o papel de cada Poder. Todos têm importância. Não tem um Poder que é mais importante que o outro. O Legislativo tem sua importância, [assim como] o Executivo e o Judiciário”, declara Nogueira.

    Bolsonaro, na última sexta-feira (28), não cumpriu a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para comparecer pessoalmente à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal e dar declarações no âmbito do inquérito que apura o vazamento de documentos sigilosos sobre uma suposta invasão a sistemas e bancos de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    “É ruim, toda disputa, quando esses conflitos não fazem bem, principalmente nesse momento. Não é o momento de estarmos brigando”, complementa.

    Nogueira reitera que as relações entre o presidente e a Suprema Corte já estavam estáveis, “mas tivemos esse probleminha aí”. Ele diz ter “certeza que a partir da próxima semana vamos tratar do que é mais importante para o país”.

    “Eu acho que esse tipo de situação não vem a contribuir para esse momento. Mas eu vou tentar de todas as formas [fazer com] que as pessoas tenham bom senso e [vejam] que isso não é muito importante para o nosso país, quase não tem importância nenhuma na vida do cidadão, das pessoas que estão hoje querendo ter suas vidas de volta”, disse o ministro.

    Em relação à Lava Jato, o ministro expressa que pessoas utilizavam a Operação não apenas para a Justiça, fazendo relação ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos. “Eu vi uma entrevista uma vez do Moro: ‘eu chefiei a Lava Jato’. Meu Deus, ele era juiz, ninguém pode chefiar. As pessoas perdem um pouco da relação.”

    “Temos hoje um Congresso reformista”

    Ciro Nogueira declara que hoje o Congresso Nacional é muito reformista. Para ele, caso o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) fosse eleito presidente nas eleições de 2018, teria muita dificuldade em lidar com a Casa.

    “Pode ter alguma parte do centro que vai apoiar o Lula, mas não comunga dos mesmo ideais. Se o Haddad tivesse ganho iria ter quem contra ele? O Rodrigo Maia, um liberal, não iria aprovar o retorno de reforma trabalhista. Então nós temos hoje um Congresso que é muito reformista. Dois terços do Congresso quer mudar”.

    “As pessoas não sabem das realizações do governo”

    O Partido Liberal (PL) encomendou pesquisas eleitorais para avaliar a opinião da população sobre Bolsonaro, segundo relatos feitos à CNN por líderes da legenda. Ciro Nogueira explica que o resultado obtido mostrou ser necessário melhorar a comunicação para a divulgação do que está sendo feito pelo Executivo.

    “É um governo de muitas entregas, mas que as pessoas ainda não sabem das realizações do próprio governo. O trabalho fantástico que foi feito na área de saúde de proteção às pessoas.”

    “O Tarcísio [Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura] nem se fala. Temos entregas pelo país inteiro. Os números da economia, no que diz respeito à geração de emprego e renda… É uma forma de criar otimismo no país”, continua.

    Em conversas reservadas, dirigentes da sigla defendem que o presidente faça lives semanais mais curtas, focadas em apenas três temas, evitando, assim, declarações polêmicas.

    “Bolsonaro de 2022 é muito melhor que Bolsonaro de 2018” e “Lula de 2022 é bem pior que o de 2002”

    Para Ciro Nogueira, as eleições de 2022 vão mostrar duas faces distintas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro justifica que ambos são diferentes de quando foram eleitos pela primeira vez para o Palácio do Planalto.

    “A grande diferença dessa eleição vai ser a seguinte: o Bolsonaro de 2022 é muito melhor que o Bolsonaro de 2018. Ao contrário do Lula. O Lula de 2022 é muito pior que o Lula de 2002. É um Lula que não vem apenas para combater a fome a miséria, mas para trazer Zé Dirceu, a Dilma [Rousseff] de volta. As pessoas perderam a noção do perigo que está a volta deles, do que eles fizeram no passado, que nós tivemos muita determinação do presidente [Bolsonaro] de mudar a forma de fazer política”

    Apoiador de Lula em outros tempos, Nogueira afirma que estava ao seu lado por ainda não conhecer o trabalho de Bolsonaro. “Eu não tinha muita admiração pelo trabalho do deputado Bolsonaro. Naquela época tinha algumas restrições e, com o tempo, fui conhecendo o trabalho do presidente”.

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    “Moro é um conflito ambulante”

    Sergio Moro, para Ciro Nogueira é um conflito ambulante, por ser uma pessoa “cheia de contraste”. “Quando era juiz ele queria ser político, e agora como político, quer ser juiz. Não fica falando de quem está atrás, deixa o Moro aí. Foi uma aposta que deu errado”, afirma.

    “Tenho minhas dúvidas se o Moro chega até as eleições. Porque, pelo o que eu vi, não é um homem que fica desempregado. Saiu de juiz e  já foi logo para a consultoria. Não sei se ele vai querer ficar desempregado. Há uma boa possibilidade para deputado ou até senador”, finaliza.

    O ex-juiz se filiou ao Podemos em 10 de novembro do ano passado e em um primeiro momento não deixou claro para que cargo iria se candidatar. A presidente do Podemos, Renata Abreu, em entrevista à CNN, em 11 de novembro, cravou que Moro tinha colocado seu nome à disposição para concorrer à Presidência da República.

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