“Não há problema” em Forças Armadas deixarem auditoria das urnas, diz comandante do Exército
General Tomás Paiva destacou que iniciativa de convidar militares para o processo de fiscalização foi do próprio TSE
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, diz que não vê problema na saída das Forças Armadas do processo de auditorias das urnas eletrônicas, decisão anunciada nesta quarta-feira (27) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
À CNN, o general destacou que a iniciativa de incluir militares na fiscalização foi da própria corte eleitoral. “Não há problema. Era assim no passado. Não foi iniciativa nossa e sim do TSE”, disse.
O convite para as Forças Armadas integrarem o grupo de entidades fiscalizadoras das urnas eletrônicas foi feito em 2021, pelo então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso.
A medida foi tomada em meio à insistência do então presidente Jair Bolsonaro (PL) de colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas, mesmo sem provas.
Na terça (26), o TSE aprovou, por unanimidade, a proposta do presidente da corte eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, de alteração dos procedimentos de fiscalização e auditoria do sistema eletrônico de votação.
A mudança agora exclui, além das Forças Armadas, o Supremo Tribunal Federal (STF) da auditoria dos votos.
Moraes afirmou que as Forças Armadas são indispensáveis para a organização do processo eleitoral. Porém, argumentou que a participação da entidade na fiscalização do sistema eletrônico é incompatível com suas atribuições.
“Não se mostrou necessário, razoável e eficiente a participação das Forças Armadas. Demonstrou-se absolutamente incompatível com as atribuições constitucionais, e também a participação na comissão de transparência eleitoral”, acrescentou.
O ministro reforçou que as Forças Armadas vão continuar auxiliando a Justiça Eleitoral no transporte de urnas eletrônicas e na segurança dos eleitores e locais de votação.
Ao longo do processo eleitoral de 2022, militares, sob pressão de Bolsonaro, fizeram uma série de questionamentos sobre os equipamentos de votação. Representantes das Forças Armadas também fizeram uma série de pedidos de mudanças, que não foram acolhidos.
A exceção foi um projeto piloto de teste de integridade com biometria. Nos bastidores, oficiais veem a saída do grupo de entidades fiscalizadoras das urnas com “alívio”.
Na avaliação desses militares, a medida ajuda a tirar as Forças Armadas de um dos focos dos desgastes causados ao longo do governo Bolsonaro.