“Não há constrangimento”, diz Múcio sobre convocação de militares para depor na CPMI do 8 de janeiro
Ministro da Defesa dá sinal verde para lideranças darem andamento à convocação de militares suspeitos de envolvimento nos atos golpistas
O ministro da Defesa José Mucio Monteiro frisou que “não há constrangimento” na convocação de membros das Forças Armadas para prestarem depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de janeiro.
A declaração foi dada após uma reunião com o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). “Não só não temos constrangimento, como se tivéssemos não poderíamos dizer, porque estaríamos dando prova que teríamos algum tipo de preocupação. O que não temos”, afirmou Múcio.
O ministro disse, ainda, que o trabalho da Defesa é de “extrema colaboração” com a apuração realizada. “O que nos for dito, nós tomaremos providências (sobre participação de militares nos atos). Interessa às Forças que providências sejam tomadas”.
Em fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes abriu uma investigação sobre a participação dos militares nos atos. A apuração também gira em torno da participação de militares da Polícia Militar do Distrito Federal e das Forças Armadas.
Um dos requerimentos da CPMI que motivou a conversa entre o líder do governo e o ministro é o da convocação do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.
O almirante virou alvo após Mauro Cid detalhar tratativas para levar adiante um plano golpista. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) teria relatado à PF que, numa reunião com o presidente da República, Garnier deu indicações de que poderia aderir à proposta e teria deixado suas tropas à disposição. Cid teria afirmado que Garnier apenas aguardava uma ordem do então presidente.
Múcio disse ter conversado com o ex-comandante. “Nós lamentamos, a Marinha lamenta que é mais um envolvido, mas tem consciência de que a Justiça precisa do depoimento dele para que os fatos sejam esclarecidos”.
Além disso, a base governista no colegiado busca ouvir também o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.